quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Dona Marisa Letícia e a dignidade humana

Ainda que seja meia dúzia de pessoas, em frente ao hospital, ou, pelas redes sociais, é de extrema indignidade, usar a doença de dona Marisa Letícia, esposa de Lula, como oportunidade para protestos políticos.

Não gosto do PT por mil razões, já patenteei isso em muitos textos, contudo, uma coisa é a atuação das pessoas na esfera pública, outra, sua vida particular. AVC, câncer, acidentes, etc. são coisas que não desejo a ninguém, por pior que seja, eventual desafeto.

Pensar que certa vez, meia dúzia de imbecis da torcida do Grêmio cantavam: “O Fernandão morreu, o Fernandão morreu...” Como se isso fosse uma conquista do nosso time, ou, algo a ser comemorado, francamente! Acho divertido zoar dos colorados vendo o Inter na segunda, mas, não são meus inimigos, nem desejo a morte de nenhum deles. Suporto na boa, quando estão por cima e é sua vez de cornetear.

Se, eu acredito que alguma desventura dessa ordem seja uma espécie de juízo, do destino, sorte, Deus, quem me garante que, ao comemorar isso, não estarei me fazendo candidato a igual sina, por meio de quem estaria julgando?

Aliás, a Bíblia ensina algo assim: “Quando cair teu inimigo, não te alegres, nem se regozije teu coração, quando ele tropeçar; para que, vendo-o o Senhor, seja isso mau aos seus olhos, e desvie dele sua ira.” Prov 24;17 e 18

Acho que Lula deve ser investigado a fundo, e, encontradas as provas, que pague pelo que fez, como de resto, corruptos em geral, de qualquer sigla. Agora, desejar que alguém morra, ou, alegrar-se com isso, caso aconteça, é coisa de seres boçais, amorais, desumanos.

É certo que para a maioria da militância vermelha, dignidade alheia, os direitos de quem pensa diferente, pouco importa. Invés de protestarem pacificamente aos domingos, conforme os demais, bloqueiam ruas em dias úteis, quebram, incendeiam... Contudo, só temos direito de criticar comportamentos assim, quando, não fazemos o mesmo, senão, qual o sentido?

Dona Marisa, de formação simples, não creio que teve papel algum de relevância na política, pois, foi uma Primeira Dama, mais decorativa, que atuante, por suas limitações, acredito, não, vontade. Então, não se deve voltar artilharia nenhuma contra ela.

Se, o alvo é Lula, e, sabemos que é, esse tipo de postura o faz vítima, não, culpado; quem manifesta tal oportunismo, indecente, obsceno, mesmo que jogue lenha na fogueira certa, o faz na hora errada e usando método torpe.

“O medíocre discute pessoas; o comum discute fatos; o sábio discute ideias.” Prov chinês.

Há muito nossa política deixou de discutir ideias, e segue sua sina, ao rés do chão, atacando pessoas. Verdade que isso tem o dedo do PT. Sempre fomentaram a divisão, o, nós, contra eles; os do povo e os das elites, embora os coronéis da velha e corrupta política se fizeram “do povo”, uma vez que aliados do PT, mas, isso é para as tribunas políticas, não, para horas assim, tampouco, diante de hospitais.

Se, não gosto de certa sagração da morte, prato predileto dos hipócritas, que, ao morrer alguém, por ruim que seja, passa a ter apenas qualidades, nenhum defeito, também desprezo a esse revanchismo doentio, que não representa aos brasileiros decentes, apenas, meia dúzia de mentecaptos amorais, que se fazem ridículos por sua conta e risco, sem representar nada além de seus umbigos doentios.

Por outro lado, igualmente ignóbil a tentativa de Paulo Okamoto, do Instituto Lula, de culpar à Lava Jato pela doença, querer tirar proveito político, dela. Do seu viés, faz o mesmo que os que protestam; igualmente oportunista, obsceno, amoral e imoral. Ou, os que pretendem ver nesses minguados ajuntamentos de escrotos, um reflexo de luta de classes, um “ódio à pobreza” e coisas assim, que circulam em apreço aos imbecis primeiros. Se, o PT representasse deveras, aos pobres, seus próceres não estariam milionários, como estão Dirceu, Palocci, Lula e família, etc. portanto, pra boi dormir.

Em suma, respeitemos ao difícil momento de Dona Marisa. Mas, quem não consegue desejar melhoras a ela, pelo menos, que melhore a si mesmo avaliando seu papel no teatro da vida.

De minha parte, não preciso desejar que ninguém morra, pois, contra o meu desejo, o tempo está cuidando disso; e, lamento informar, nos vai pegar todos. O triste, e profundamente lamentável, é que alguns, preferem morrer antes da mão do tempo golpear, existem, numa espécie de “Walking Dead”, mas, desconhecem, tanto os sentimentos, quanto, os valores que dão sentido à vida.

A melhoria na política depende dela ser “oxigenada”, pela inserção de melhores protagonistas, não, pela falta de modéstia dos imbecis.

Que Dona Marisa melhore, que o Brasil melhore, que a política se faça com cérebros, não com relinchos.

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