quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

A volta do Rei

"Porque toda a casa de meu pai não era senão de homens dignos de morte diante do rei meu senhor; contudo, puseste a teu servo entre os que comem à tua mesa; que mais direito tenho eu de clamar ao rei?” II Sam 19;28

Mefibosete, o filho aleijado de Saul, com muito mais noção de justiça que tivera seu pai. O contexto era a volta de Davi, após a traição de Absalão. Não fora com o rei nos dias de sua fuga, segundo ele, por causa da deficiência. Mas, não mais fizera a barba, lavara-se, nem lavara suas roupas, em sinal de tristeza pela angústia de Davi.

Caso pensasse como seu pai, teria no filho de Jessé um usurpador do trono, um inimigo. Entretanto, conhecedor dos feitos de Davi e de Saul, concluiu com acerto, que os seus eram dignos de morte, portanto, estar, ele, na mesa real, era já uma honra imerecida.

Diferente de Mefibosete, a maioria das pessoas tem mais facilidade para presumir direitos, imaginar méritos, que aquilatar culpas, e encontrar para elas, o devido juízo.

Observando a humanidade em seu agir, nem de longe porta-se como raça caída que, deveria, temendo o juízo por vir, buscar reconciliação com O Criador. A vida lhes parece um convite para festa, paraíso dos direitos sem deveres, quase tudo deveria ser franco, o Estado, um Deus provedor, o cidadão, um filho pródigo a esbaldar-se nos meretrícios da vida fácil.

Entretanto, pior que a alienação do mundo, é a que tem sido ensinada nos suntuosos templos modernos. As prédicas, invés de situar devidamente os coxos espirituais, de que, andando cada um do seu jeito, não passam de dignos de morte, e, que é mínima a exigência para salvação, desafia aos incautos para que porfiem com Deus, exigido riquezas, pois, esse seria um direito dos filhos do Reino.

O trabalho sempre foi uma bênção, que o digam os que, por alguma privação física não podem executá-lo. Por certo trocariam seu monótono ócio, pelo labor. O que veio anexo ao juízo pela queda foi a fadiga, “espinhos e cardos” que a Terra passou a produzir.

Entretanto, o “sonho de consumo” da maioria é evadir-se a ele, seja, via corrupção, roubo, loterias, um golpe de sorte qualquer, que lhes faculte vida fácil. E, se algumas “igrejas” acenam com riquezas rápidas, fazendo, o “fiel” certas mandingas, por que, não tentar?

Essa insanidade da alma ímpia travestida de cristã tem feito a fortuna de uma corja de mercenários que, comete toda sorte de obscenidades espirituais, fazendo os mais rasteiros jogos; danem-se os incautos, desde que eles, os “ungidos” tenham mesas de reis.

Para um salvo, deveras, o simples assentar-se com O Rei dos Reis, é uma honra inaudita, e, mesmo não carecendo abortar legítimos anelos de prosperar na Terra, não deve ter abalada sua confiança, se, as coisas se revelarem mais duras que seus anseios. O inimigo, a carne e o mundo obram para matá-lo, e, preservar a nova vida em cenário assim, adverso, é já uma grande conquista.

Na verdade, nossa saga, não se trata de celebração, onde somos chamados a opinar sobre decoração, música, cardápio; antes, é questão de sobrevivência, vida ou morte, onde, a cada um é dado o mesmo conselho que a Ló, quando da destruição de Sodoma e Gomorra; “escapa por tua vida”.

Cheio está o mundo de conhecimento inútil, crenças e crendices que não passam de entorpecentes das almas, enquanto, aquilo que é vital, Jesus Cristo, quando muito, se profana Seu Nome, mas, ninguém submete-se ao Seu Senhorio, Sua Palavra. Faz lembrar o trêmulo e embriagado Belsazar, quando, Daniel interpretou a sentença Divina sobre ele. “...destes louvores aos deuses de prata, ouro, bronze, ferro, madeira e pedra, que não veem, não ouvem, nem sabem; mas, a Deus, em cuja mão está a tua vida, de quem são todos os teus caminhos, a ele não glorificaste.” Dn 5;23

As alternativas a Deus, na época, eram deuses de esculturas; as de hoje são mais vastas. Ainda temos idolatria, infelizmente, mas, concorrem o hedonismo, misticismo, espiritismo, ateísmo, islamismo, outros “ismos” mais, além de muitas filosofias que presumem legar ao homem aquilo que, somente a Bendita Palavra de Deus pode dar. E essa, muitos mencionam apenas como um rótulo, pois, pervertem a interpretação, ou, omitem o que é vital.

Não importa quão boas pareçam as obras de alguém, ninguém se converte deveras, sem ver, como Mefibosete, que é digno de morte diante do Rei. Só assim, encontrará o necessário arrependimento, e entenderá agradecido a justiça de cruz, vendo-a como graça, não, sacrifício. 

O Rei perseguido voltará, convidará à Sua Mesa somente os que O recebem agora, e se alimentam da Sua Palavra.

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