“Porque virá tempo que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo
comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme suas próprias
concupiscências; desviarão ouvidos da verdade, voltando às fábulas. Mas, tu, sê
sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de evangelista, cumpre teu
ministério.” II Tim 4;3 a 5
Aconselhando ao Jovem Timóteo, Paulo vaticinou dias
iguaizinhos aos de hoje; tempos em que a verdade assustaria; as pessoas
correriam ao encontro de quem as agradasse. Imaginemos, como ilustração, uma
casa pegando fogo; dentro dela, um morador alheio, escolhendo entre sua coleção
de CDs, qual música quer ouvir. Sua vida correndo risco iminente, ele
preocupado com prazer.
Igualmente a esse louco nos comportamos, quando,
priorizamos nossas conveniências, paixões, fugindo à Verdade. A Verdade não tem
como alvo nossa satisfação, antes, salvação. Apenas, deseja salvação, quem
sente-se em perigo, ameaçado; só pode identificar o risco quem mantém certa
lucidez; o torpor espiritual nos faz descuidados, temerários, como um ébrio
atravessando uma avenida movimentada.
Aliás, Paulo, por inferência chamou aos do desvio, de
ébrios, quando exortou Timóteo a fazer diferente: “Mas, tu, sê sóbrio...”
Convém meditarmos nisso: Por que alguém toma um desvio?
Geralmente, por duas razões: a) A estrada principal está interrompida; b) Acredita
que será melhor o caminho, mais rápido, pela rota alternativa.
A Estrada Principal, (do Príncipe) é inequívoca: “Disse-lhe
Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão, por
mim.” Jo 14;6
Não consta que essa senda esteja bloqueada em si mesma,
ainda que, falsos pregadores podem tolher a caminhada, de quem segue suas
dissoluções.
Pois, os fujões da verdade denunciados não o fariam, por
eventual interrupção do caminho, antes, por verem mais aprazíveis os atalhos. “Tendo
comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme suas próprias
concupiscências;”
A salvação não é invasiva em seu método, uma vez que nosso
livre arbítrio é intocável para Deus. Entretanto, é muito incisiva no mérito,
chega a ser violenta, uma vez que seus alvos são instados à cruz. Onde entra a
preponderância de minhas preferências, meus gostos, se, para ser salvo sou
desafiado a negar a mim mesmo?
Já em seus dias, Paulo denunciou uns que queriam ser
salvos “da” cruz, não, “na” cruz. “Porque
muitos, há, dos quais muitas vezes vos disse, agora também digo, chorando, que
são inimigos da cruz de Cristo;” Fp 3;18
Ante à dor de renunciar às naturais inclinações que chamamos
cruz, se for possível evitarmos isso e chegarmos ao mesmo lugar, acaba
compreensível a opção por um caminho mais fácil.
Contudo, a Epístola aos Hebreus, introduz apresentando parte
da Esplêndida Majestade de Cristo, tão superior aos anjos que deve ser por eles
adorado; lembra, que, mesmo as palavras dadas por anjos tiveram cumprimento
cabal, então propõe a questão em apreço, se existe possibilidade lateral de
salvação: “Porque, se a palavra falada pelos
anjos permaneceu firme, toda a transgressão e desobediência recebeu a justa
retribuição, como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande
salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois
confirmada pelos que a ouviram?” Heb 2;2 e 3
Não esqueçamos que a pergunta é: Como escaparemos da
perdição; pois, da verdade, o texto em apreço mostra que se pode escapar, tão
somente selecionando “doutores” que nos sejam diletos.
Aos pregadores da Verdade, pois, compete situar seus
ouvintes do risco de perdição iminente; que a vida terrena é uma Divina
concessão de tempo e espaço onde devemos urgentemente reconciliarmos com Deus. Não
é um salão de festas como devaneiam os ímpios de costas para Deus.
A grande tragédia da hipocrisia é que seu agente acaba
traindo a si mesmo. Quer o belo status de cristão, por isso cultua; mas, ao
escolher mestres segundo seu carnal paladar, caminha voluntário para a morte,
qual boi na fila do matadouro.
Enfim, para não deixar em suspenso, a mesma carta aos
Hebreus que propõe a questão de como escapar sem Cristo, depois de desenvolver
amplamente o assunto da salvação, responde o que perguntara: “Vede que não
rejeiteis ao que fala; porque, se não escaparam aqueles que rejeitaram o que na
terra os advertia, muito menos nós, se nos desviarmos daquele que é dos céus;”
Heb 12;25
Começamos advertindo a não se desviar da Verdade;
concluímos com não se desviar “daquele que é dos Céus”, Cristo, que dá no
mesmo: Ele É a Verdade!
É certo que a Verdade ameaça, à medida que, nos desnuda;
mas, aos que a ela se submetem, reveste de Cristo. Na hora do incêndio pouco
importa a música; vida é prioridade. Jesus convida para festa, mas, na
Eternidade. O ingresso lá demanda o preço aqui; esse, é tomar a cruz.
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