quinta-feira, 10 de março de 2016

Deus, o óbvio que assusta

“Contudo, ( Deus ) não deixou a si mesmo sem testemunho, beneficiando-vos lá do céu, dando-vos chuvas e tempos frutíferos, enchendo de mantimento e alegria  vossos corações.” Atos 14;17
Interessante enfoque de Paulo, considerando os meios de manutenção da vida humana, testemunhas de Deus. Verdade é que, para quem crê, uma coisa aparentemente simples basta; por outro lado, a quem duvida, mesmo demonstrações grandiosas se revelam insuficientes.

Vemos no relato evangélico que, depois de O Senhor multiplicar cinco pães por mais de cinco mil pessoas, os que O assediaram no dia seguinte pediam um “sinal do céu”. Noutra ocasião, quando orou ante o sepulcro de Lázaro e Deus lhe respondeu de modo audível, uns, disseram que foi um trovão, outros, um anjo, quem cria seguiu crendo, quem duvidava, idem. As pessoas se posicionam conforme suas inclinações interiores, malgrado a clareza da evidência.

O salmista colocou o dedo na ferida: “Disse o néscio no seu coração: Não há Deus. Têm-se corrompido, fazem-se abomináveis em suas obras, não há ninguém que faça o bem. O Senhor olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento, buscasse a Deus. Desviaram-se todos, juntamente se fizeram imundos: não há quem faça o bem, não há sequer um.” Sal 14;1 a 3 Indiferença de coração; corrupção; falta de entendimento; alienação de Deus; imundícia.

Além da revelação escrita temos testemunhos sobejos do Eterno na Perfeição da Sua Obra, a Criação. Paulo desenvolveu assim: “O que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto seu eterno poder, quanto, sua divindade, se entendem; claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;” Rom 1;19 e 20

Spurgeon chamava à Criação de Bíblia Natural, contendo três páginas; Céus, mares e Terra. Comentando o salmo 19, onde se exalta os Feitos do Eterno, entre outras coisas maravilhosas, disse: O testemunho dos céus não é um simples indício, mas uma declaração inconfundível e clara, do tipo permanen­te e inalterável. Apesar disso tudo, que proveito há numa de­claração em alto e bom som dirigida a um surdo, ou a mais evidente demonstração feita para um cego no sentido espiri­tual? O Espírito Santo de Deus precisa iluminar-nos ou nem todos os sóis da Via Láctea poderão fazê-lo. Deus está na vas­tidão acima de nós; sua bandeira estelar mostra que o Rei encon­tra-se em casa e levanta seu escudo para que os ateus vejam como ele menospreza suas acusações. Aquele que após olhar para o firmamento se apresenta como um ateu, está ao mesmo tempo se declarando um imbecil e mentiroso.”

Vemos ele advogar com sabedoria que, o problema não está na mensagem, nem no Emissor, antes, nos receptores que estão “surdos”. Não sem razão, O Salvador ao instruir Nicodemos colocou duas impossibilidades, sem O Espírito Santo. Não vemos O Reino; não entrarmos. Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus... aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.” Jo 3;3 e 5

Nosso existenciário não é suficiente para a fome espiritual que nos assedia. Alguém definiu que temos dentro nós um vazio com o Formato de Deus; vazio esse que assomou após a queda, quando houve separação.

Salomão, após apresentar um limite temporal para todas as coisas criadas, colocou Deus acima: “Eu sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe deve acrescentar, nada se lhe deve tirar; isto faz Deus para que haja temor diante dele.” Ecl 3;14 Nossa finitude em face ao tempo deveria gerar temor ante Àquele que É Eterno.

Esse temor, na ótica de Paulo não deveria nos afastar, antes, buscar reconciliação dessa redoma espaço-temporal onde estamos. “De um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, os limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;” Atos 17;26 e 27 Usa uma metáfora física para a busca espiritual; “tateando”, isso reitera o que disse O Salvador: Não podemos ver sem O Espírito.


Ele se aproxima dos alvos do Amor Divino mediante sinais, A Palavra, mensagens várias, mas, sempre dependerá de nossa resposta, de que, queiramos ver. O problema que faz as pessoas temerem ver o óbvio, Deus, não é falta de beleza Nele; sobra. O problema é que o “Espelho” realça nossa feiura; mas, aos que O recebem, purifica, regenera, embeleza outra vez, segundo a Formosura de Cristo.

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