terça-feira, 1 de março de 2016

Aborto; uma visão cristã

“Antes que te formasse no ventre te conheci, antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta.” Jr 1;5 “Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe; no teu livro todas estas coisas foram escritas...” Sal 139;16

Parece que, dados os textos acima, para Deus é irrelevante a discussão de quando começa vida, uma vez que, tanto pode conhece-la, ainda informe, quanto, escolher alguém para determinada missão como fez com Jeremias.

Para determinados seguimentos feministas, evocar argumentos teológicos é algo nefasto, mui feio, mais que assassinar um incapaz, dado que, somos um Estado laico. Assim, segundo seu raciocínio, a defesa da vida deve ser só um ranço religioso.

Entretanto, malgrado isso, há pessoas que, se dizendo cristãs abraçam à ideia, e para essas, que acham que a Bíblia tem relevância, Deus conta, para essas, digo, direciono minha breve reflexão, tencionando trazer alguma contribuição.

O melhor argumento que ouvi sobre sua causa é de que, “toda mulher tem direito a dispor do seu corpo como desejar.” Ora, isso é pacífico, indiscutível, tanto para mulheres, quanto homens, homossexuais; uma vez que, Deus nos fez arbitrários, e assim permanecemos.

Homens e anjos habitam o âmbito da possibilidade; claro que, o direito a fazer escolhas traz anexo o dever de assumirmos as consequências.

Animais e plantas, os demais seres vivos, são devedores à necessidade; reféns da reprodução mecânica, incapazes de escolher. Assim, homens e anjos podem viver piedosamente segundo Deus; ou, alheios aos reclames do Santo, endeusando às próprias vontades. Há precedentes de ambas as hipóteses em ambos os seres.

Animais e plantas, contudo, nascem, crescem, vivem, reproduzem e morrem, sem escolha. O feijão não pode decidir virar ervilha, tampouco, um pato tornar-se galo. Não que as escolhas dos seres pra elas dotados os façam outra espécie, estritamente; mas, aos anjos que escolheram a rebelião, fez demônios; aos humanos que escolhem o pecado, inimigos de Deus, privados da vida eterna.

Certo pensador disse que somos “condenados à liberdade”; desse modo, querendo ou não, acabamos optando a todo momento. Opções são sementes que lançamos; mais dia, menos dia, depararemos com seu fruto multiplicado.

Até pessoas simples com mera experiência de vida privadas de estudo dizem com acerto, que meu direito termina onde começa o de meu semelhante. Mais ou menos como um semáforo que, quando verde em determinada direção, está vermelho nas demais; cada um avança a seu tempo; o exercício do direito concomitante ao dever que, disciplina e bem ordena a vida urbana. Abstraídas as peculiaridades, esse exemplo pode se aplicar a todas as áreas do convívio social.

Quando acontece um acidente, é mui frequente, as autoridades investigam as causas para ver quem é, e como arcará com as consequências, o culpado. Assim, todo o motorista tem direito a dispor de seu carro, ir e vir, pelas ruas que desejar, desde que, observe as regras de trânsito estabelecidas. Não se faculta a ninguém andar na contramão, cruzar sinal vermelho, por exemplo, exceto alguns veículos que lidam com emergências.

Acontece, voltando ao tema, que a mulher grávida não lida mais estritamente com seu corpo. Traz em si a consequência de uma escolha, cuja culpa pode ter sido dela apenas, dela e do parceiro; ( só do parceiro, em casos de estupro, que merece apreço à parte )  de modo que, seu direito a dispor de seu corpo como quiser, cessou temporariamente, desde que, permitiu que novo corpo começasse a ser gerado. Acendeu o sinal vermelho. Passou a trazer em si um ser incapaz, indefeso, cujo único “defeito” é não ter vivido ainda tempo suficiente para se defender por seus próprios meios.

Quem advoga como lícito o aborto, violência de um ser mais forte contra um indefeso, com qual argumento condenaria à pedofilia, por exemplo? No fundo, é a mesma coisa, “atenuada” pelo fato que não gera morte, exceto, eventualmente.

Ademais, 50% dos fetos são mulheres; qualquer máxima que apregoe direitos de “toda mulher”, há de incluir essas ainda indefesas, se, de fato, é atinente a todas.

Ora numa sociedade esclarecida como hoje, é tão simples não conceber, que é uma grande irresponsabilidade lidar com gravidezes acidentais, como tanto ocorre. A ideia parece ser: Me comporto como quiser, bebo, me drogo, “solto a franga”, mas se surgir um “efeito colateral”, o Estado deve resolver, francamente. Um filho deve ser um projeto alicerçado em amor, não um acidente irresponsável!

Cristo nos ensina a não fazermos a outrem o que não desejamos;bem, não desejo em hipótese alguma, que um ser infinitamente mais forte que eu, me mate como uma peste, e me descarte como um lixo.  

É fácil sermos a favor do aborto depois de termos nascido.”

Keitarou Tanara

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