quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Mesmo se errei, fiz a coisa certa

O paradoxo, não é necessariamente desinteligente, ilógico; na maioria das vezes, supra inteligente desafiador.

Mas, o que é paradoxo? “Pensamento, proposição ou argumento que contraria os princípios básicos e gerais que costumam orientar o pensamento humano, ou desafia a opinião consabida, a crença ordinária e compartilhada pela maioria. Aparente falta de nexo ou de lógica; contradição.” Ensina o dicionário.

Acontece que, às vezes o paradoxo é apenas verbal, não essencial. O mais famoso de todos é o “Paradoxo de Epimênides”. Esse, segundo o historiador Diógenes Laércio, era o nome do poeta-profeta cretense, que foi citado por Paulo Apóstolo, quando escreveu sua Epístola a Tito. “Um deles, seu próprio profeta, disse: Os cretenses são sempre mentirosos, bestas ruins, ventres preguiçosos.” Tt 1; 12 Foi o texto de Paulo.

Ora, se ele disse que, os cretenses são mentirosos, e, também era de Creta, a consequência seria: Se Epimênides mente, ele fala a verdade; mas, se ele é verdadeiro, ele mente. Paradoxal, não?

Aqui, pois, a compreensão demanda um plus da inteligência que vai além da expressão verbal; busca o sentido. Assim, se tal poeta denuncia como mau o serem mentirosos e preguiçosos seus compatriotas, depreende-se que ele não era assim, pois, agir contrário ao que acredita é um paradoxo essencial, não apenas verbal.

Conclusão: Devemos crer que os denunciados eram mesmo assim, exceto, quem os denunciou, pois, não o faria se fosse da mesma estirpe. Desse modo, a ortodoxia essencial elimina ao paradoxo verbal.

Hoje, andando pelo parque municipal para colocar pensamentos em ordem, num banco onde me assentei deparei com um par de óculos de grau bifocal. Alguém o esqueceu ali.

Me vi num dilema. Havia alguns homens trabalhando distante, funcionários do município, mas, o parque não tem uma administração local onde pudesse entregar meu achado. Poderia trazer comigo, pensei, ouvir pelo rádio eventual busca do seu dono, mas, sequer ouço rádio; ou, “plano C” deixar onde estava, pois, quem o perdeu, certamente buscaria nos lugares onde esteve. Não que seja algo de tanto valor, mas, dependendo das condições de quem precisa, vira um peso a aquisição de outro. Acabei optando por deixar sobre o banco torcendo que seu dono voltasse ali.

Depois que saí, fiquei meio tenso pensando se fizera a coisa certa ou não. Ora parecia certo, ora, omisso, errado. Quer saber, decidi, mesmo se fiz a coisa errada, fiz certo. Como assim? Paradoxal. 

Pois é, minha intenção ante as três alternativas possíveis sempre foi que o objeto voltasse ao seu dono. Assim, se, cometi um erro foi de avaliação intelectual, não, moral; por isso, descansei. Deus não condenaria por erro de avaliação, mas, por dolo moral, sim.

O incidente me fez pensar nos paradoxos. O que é mais paradoxal nesse mundo que o Cristianismo? Diz que os pequenos são grandes; que os fracos, são fortes; que os últimos serão primeiros; que são felizes os que choram; que os loucos são sábios, os “sábios” loucos; que perdendo a vida é que se lha encontra? Quantas afrontas à inteligência, pois!

Entretanto, como vimos dos paradoxos, seu entendimento demanda uma inteligência superior, que a Bíblia chama, sabedoria. Muito além da ginástica intelectual dos melhores cérebros da Terra, mas, ao alcance dos pequenos, fracos, sem muita instrução, que se submetem a Deus. Esses, que aprendem que, “O temor do Senhor é o princípio da Sabedoria”, são capacitados às melhores escolhas, mesmo que estejam muito acima de seu conhecimento.

Da Árvore da Ciência, tudo o que se colhe é mera ciência; a Árvore da Vida que frutifica aos salvos, dá-lhes vida espiritual e entendimento, igualmente, espiritual. Onde a ciência natural detecta sua miopia, os renascidos conseguem ver distintamente. Por isso, dizem eles, que a fé é cega, onde, deparam com a própria cegueira.

Afinal, a sabedoria espiritual, nada tem a ver com neurônios, capacidade cognitiva natural, filosofia; antes, Deus que vê corações, lega seu dom com um vínculo moral, de caráter, não, intelectual. “Porque o Senhor dá a sabedoria; da sua boca vem o conhecimento, e entendimento. Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos. Escudo é para os que caminham na sinceridade.” Prov 2;6 e 7

Interessante que a sabedoria espiritual é alegorizada como escudo, arma de defesa. Paulo faz uso da mesma figura em relação à fé. Afinal, a peleja do inimigo não tem outro alvo, senão, solapar nossa fé, que deriva do conhecimento de Deus. 

Salvos são capacitados a atuarem, “Destruindo os conselhos, toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo;” II Cor 10;5

Assim os grandes do mundo buscam entendimento para brilhar, a nós, é dado para obedecer. Um paradoxo mais, que diferença faz?

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