domingo, 17 de janeiro de 2016

Menor que nós; o Deus que não precisamos

“Chamou ao menino Icabode, dizendo: De Israel se foi a glória! Porque a arca de Deus foi tomada, por causa de seu sogro, de seu marido.” I Sam 4; 21

O contexto é de uma batalha perdida por Israel, onde, Hofni e Finéias, filhos do Sacerdote Eli foram mortos, ele próprio morreu ao saber;  a Arca de Deus fora tomada pelos inimigos. A mulher de Finéias que estava grávida, ao receber as novas, precipitou o parto, ao dar à luz, disse as palavras supra.

... de Israel foi-se a glória, porque a Arca de Deus foi tomada.” Interessante essa interpretação rasa que temos; supormos que, um símbolo seja maior que, o que simboliza. Por exemplo: Uma aliança conjugal simboliza um pacto de fidelidade mútua, entre nubentes, “até que a morte os separe”. Mas, quem garante isso não é a aliança, antes, integridade e fidelidade dos pactuantes. Sem isso, a aliança nada vale; o adultério fatalmente acontecerá.

Chamemos a essência, de substância; o símbolo, de figura. Assim, a substância no relacionamento Deus-Israel era a Divina presença entre o povo, a figura desse relacionamento, a Arca da Aliança. Como no exemplo anterior, a figura não faz sentido, quando a substância não existe. Infelizmente, eles pensavam que a Arca movia Deus, invés da consagração, da obediência.

Tanto, que resolveram leva-la temerariamente ao campo de batalha, assim, estariam “forçando” Deus a participar da peleja para “defender-se”. Santa ignorância! Ora, a adversidade era já o juízo Divino contra uma casa sacerdotal relapsa, profana, que fora advertida mediante profetas, e seguira em sua rebelião.

Os Filisteus eram os instrumentos do juízo de Deus contra o povo desobediente. Pra eles a glória era ter a Arca, não um relacionamento sadio. Como transformaram o objeto em ídolo, O Altíssimo permitiu que fosse tomado pelos inimigos.

Uma coisa que deveria ser elementar, infelizmente, não é. A substância sempre vem antes da figura; o relacionamento, do símbolo. Os cônjuges, primeiro se amam, pra depois casarem, usarem alianças; o convertido primeiro crê, se arrepende, pra depois patentear isso mediante o batismo; o pão e o vinho da Santa Ceia são símbolos do Corpo e do Sangue de Cristo, e somos exortados a aferirmos a substância, antes de nos associarmos à figura. Examine a si mesmo antes de participar, discirna o Corpo de Cristo, para que eventual participação indigna não se torne juízo para si. Noutras palavras: Se você não é dos tais, não encene como se fosse, será pior.

Uma das figuras mais vilipendiadas pelos mercenários modernos é o óleo da unção. Qualquer pessoa minimamente esclarecida nas coisas espirituais sabe que, quem unge é O Espírito Santo, sendo o óleo, mera figura dessa unção. Traduzindo: A unção não está no óleo, mas, na vida do ministro, se, deveras, é um ungido.

Contudo, grassa ante nossos olhos um fetichismo doentio, similar ao que se faz na macumba. Há muitos “evangélicos” correndo atrás desses objetos “consagrados”. O que querem com isso? Obrigar Deus a pelejar por eles? Ora, se, O Todo Poderoso é algo assim, manipulável, que qualquer cretino o desloca ao sabor dos seus anseios, por que precisaríamos Dele ainda? Se pode ser movido por nós, devemos ser mais fortes que Ele.

Na verdade nem sei o que me irrita mais, se, o salafrário que vende “facilidades góspeis” profanando ao Santo Nome, ou, o imbecil que as compra, como se fosse possível encontrar joias caras em lojinhas de 1,99. Francamente!! Que gente estúpida, sem noção!!

Ontem me ofereceram em meu pátio uma “fitinha da Proteção Divina” que deveria amarrar em meu pulso; tomar um ônibus grátis que passará hoje perto de minha casa e ir lá, para que o “pastor” corte-a e tire o mal da minha vida. A vontade foi fazer um escarcéu, mas, estava trabalhando, várias pessoas na rua; ia parecer que estávamos brigando por religião. Peguei os “testemunhos de vitória” a referida fita, os coloquei no lixo e segui meu trabalho.

Quando a Unção está na vida de alguém, não precisa de símbolos, a eficácia de sua oração se encarrega de demonstrar; quando não está, não adianta “rosa ungida, cimento da casa própria fitinha do escambau, óleo da ponte que caiu”, nada!! Mera macumba com roupas estranhas.

Infelizmente, otário e vigarista se completam; aquele por querer coisas caras via caminhos fáceis; esse, por fazer crer que é portador desses caminhos. Quem se deixa roubar por um mercenário de preguiça de conhecer nas Escrituras a Vontade do Senhor, merece ser roubado, pois, rouba a si mesmo, a própria vida.


Deus não pode ser coagido a fazer o que não quer; e só quer proteger aos fiéis. “Os meus olhos procurarão aos fiéis da Terra...” Sal 101; 6

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