domingo, 28 de junho de 2015

A cordilheira e a planície

“Sobre tudo o que se deve guardar, guarda teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Pro 4; 23 

Dado ser o coração, centro da vida orgânica é usado como figura central da alma, mente, desejos, personalidade humana. Tudo isso faz parte do “coração” de uma pessoa. Quando queremos enfatizar a certeza, profundidade de uma resolução qualquer, dizemos que é de todo o coração, ou, do fundo do mesmo. 

Embora falte ao termo uma circunscrição mais precisa, o mais sábio dentre os homens, Salomão, o definiu como manancial das fontes da vida. 

Acontece que, após a queda caiu também a qualidade desse manancial, digo, a pureza. Desse modo, algo ser feito, desejado, de todo coração já não é certificado de puro, profundo, veraz... Jeremias advertiu, aliás, contra os produtos dessa fonte, ora, corrupta: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas e perverso; quem o conhecerá? Eu, o Senhor, esquadrinho o coração, provo os rins; isto para dar a cada um segundo os seus caminhos, segundo o fruto das suas ações.” Jr 17; 9 e 10 

Vemos que, as obras por si não bastam; Deus busca o coração, no caso, a intenção com as quais são feitas. O Salvador foi preciso em desvendar o “maravilhoso potencial humano” como dizem certos psicólogos; “O homem bom tira boas coisas do bom tesouro do seu coração; o homem mau do mau tesouro tira coisas más.” Mat 12; 35 Não que o homem faça o coração ser bom; antes, o coração faz o homem, como a nascente faz o rio. 

Um coração insensível era a “doença” de seus ouvintes, acusou; “Porque o coração deste povo está endurecido; ouviram de mau grado, fecharam seus olhos para que não vejam; os ouvidos pra que não ouçam; compreendam com o coração, se convertam e eu os cure.” Mat 13; 15 Um coração endurecido, pois, enseja má vontade, tolhe a compreensão, veda a conversão e consequente cura das almas.

O Mestre disse mais: “Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias. São estas coisas que contaminam o homem...” Cap 15; 19 e 20

Reitero, não basta que alguém busque determinadas coisas de todo o coração; antes, é preciso saber que tipo de coração anima tal pessoa. 

Nos cânticos hebraicos há bênção sobre o coração cuja nascente provém de Deus; “Bem-aventurado o homem cuja força está em ti, em cujo coração estão os caminhos aplanados.” Sal 84; 5 

Parece que a ideia de retidão, justiça, se figura por caminho plano; com o quê, concorda o texto de Isaías, pois, ao anunciar o ministério de João Batista usa a mesma figura. “Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo vereda a nosso Deus.” Is 40; 3 

Então, quando se diz que a fé remove montanhas, grosso modo se pensa em bênçãos emocionais, materiais, não, em aperfeiçoamento do coração, regeneração do caráter segundo Deus. 

Antes de mais nada precisamos crer quando a Palavra de Deus denuncia que temos esses montes interiores; depois, aceitar Seus termos para a devida “terraplanagem”. Senão, seguirão no mesmo lugar; faltou fé e obediência para os remover. 

Quem crê em Deus e abraça Sua Palavra necessariamente separa-se do mundo. Então, nada mais natural que aqueles, cujos corações ainda são montanhosos estranhem a vastidão das planícies; noutras palavras: Acusam-nos de radicais, fundamentalistas, preconceituosos, etc. 

Ora, se do ponto de vista natural é possível a convivência, no espiritual é totalmente impraticável. Paulo ensina: “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? Que comunhão tem a luz com as trevas? Que concórdia há entre Cristo e Belial? Que parte tem o fiel com o infiel? Que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, entre eles andarei; eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio deles, apartai-vos, diz o Senhor; não toqueis nada imundo e eu vos receberei;” II Cr 6; 14 a 17 

Aos cristãos, mesmo devendo amar todos, não restam causas ímpias a defender; devem ser cumpridores, mensageiros da Vontade de Deus, o Único coração puro. 

Moradores de Jericó pediram ajuda a Eliseu, pois, as águas de sua terra eram ruins; ele lançou sal na fonte e purificou em nome do Senhor. Aquelas fontes tipificam todos os corações após a queda; o intento Divino é purificar via Seus servos, dos quais disse: “Vós sois o sal da Terra...” Se a carne viva acusa a ardência do sal, a que foi crucificada não se incomoda com ele.

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