segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Presos na mina



“Todo o homem é embrutecido no seu conhecimento; envergonha-se todo o fundidor da sua imagem; porque sua imagem fundida é mentira, nelas não há espírito. Vaidade é; obra de enganos: no tempo da sua visitação virá a perecer.” Jr 10; 14 e 15  

 Aquele, cujo projeto foi: “...Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança;...” Gên 1; 26 agora aparece fazendo suas próprias imagens, refém da mentirosa promessa: “Sereis como Deus”. O ateísmo é uma doença moderna, dos últimos duzentos anos; outrora, um que cogitasse a inexistência de Deus era mero tolo, desprezível. “Disse o néscio no seu coração: Não há Deus...” Sal 14; 1 

A ideia original do inimigo era o politeísmo; melhor: Propondo a deidade aos humanos, queria ser obedecido em lugar de Deus, dado que a divindade humana seria falsa. Queria ser Deus também, em igualdade com o Eterno; “Tu dizias no teu coração:  subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, serei semelhante ao Altíssimo.” Is 14; 13 e 14 O primeiro ídolo “esculpido” foi a imagem de satanás pensando-se Deus. 

A autonomia que ele propôs ao homem se revela falsa na própria confecção de imagens. Se, o homem fosse mesmo como Deus, por que careceria de uma imagem de culto, a quem recorrer em horas difíceis? Embora rica a imaginação que o Próprio Criador nos deu, tais frutos são classificados como, vaidade, obras de engano nas quais não há espírito. Pois, o homem original recebera o Espírito. Esse era o “espelho” onde a “Imagem de Deus” poderia ser vista. A morte imediata à queda foi aí. O homem seguiu vivendo no plano natural, mas, fadado à morte física e desde então, morto espiritual. Desse modo, as imagens que passou a forjar, não poderiam ser diferentes dele. Vãs, mentirosas, sem espírito. 

Nos salmos, aliás, se amaldiçoa aos idólatras nesses termos; “Os ídolos deles são prata e ouro, obra das mãos dos homens. Têm boca, mas, não falam; olhos, mas, não vêem. Ouvidos, mas, não ouvem; narizes, mas, não cheiram. Mãos, mas, não apalpam; pés, mas, não andam; nem som algum sai da sua garganta. “A eles se tornem semelhantes, os que os fazem, assim como todos os que neles confiam.” Sal 115; 4 a 8  

Para consertar o erro onde o homem foi instigado a ser o que não é, O Salvador teve que, por um momento, agir como não sendo o que É. “Sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas, esvaziou  a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;” Fp 2; 6 e 7 Vemos que, para O Santo ficar semelhante a nós teve que descer; desse modo se entende a queda. Sair de um lugar de pureza, justiça, verdade, paz, vida eterna; para um plano de mentira, vaidade, engano, morte. 

Isso se deu por ter o homem adotado para si as palavras do inimigo; o reparo Divino começa aí; abdicar de nossas errôneas concepções,  imaginações vãs, em prol da Palavra de Deus. “Deixe o ímpio o seu caminho,  o homem maligno os seus pensamentos, se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar. “Porque, meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem, vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor.” Is 55; 7 e 8 

Assim, a conversão não é um ajuste entre ideias humanas e Divinas, uma busca de pontos de contato com eventuais religiões terrenas, antes, uma ruptura radical. A queda nos deixou “presos na mina” como os mineiros do Chile. Precisaram escavar 700 metros para resgatá-los. 

Nossa queda nos afundou bem mais.Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, são os meus caminhos mais altos do que vossos caminhos; os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos.” Is 55; 9 

Não importa nossa habilidade de escultores, tampouco, se nossas imagens são ídolos, literalmente, ou, “esculpimos” religiões, filosofias, culturas, ações humanitárias, etc. Ainda que possa haver  proveito temporal, horizontal, o lapso seguirá, exceto, se encontrarmos o novo nascimento em Cristo. “O qual, sendo o resplendor da sua glória, a expressa imagem da sua pessoa;  sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas;” Heb 1; 3 

Platão denunciou, no Mito da Caverna, aos que tinham sombras por realidade; o homem caído, via engano tem uma imagem muito boa de sua “mina”; detesta que lhes apareçam  imperfeições. Mas, só iluminado poderá receber a cura.

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