“Porquanto
ouvimos que alguns que saíram dentre nós vos perturbaram com palavras,
transtornaram as vossas almas, dizendo que deveis circuncidar-vos e guardar a
lei, não lhes tendo nós dado mandamento; pareceu-nos bem, reunidos
concordemente, eleger alguns homens e enviá-los com os nossos amados Barnabé e
Paulo, homens que já expuseram as suas vidas pelo nome de nosso Senhor Jesus
Cristo.” Atos 15; 24 a 26
Esse incidente ocorrido no início da igreja encerra
algumas coisas que vale considerar. Embora, os mais simplistas tendam a imaginar
que, eventuais ameaças à marcha estejam do lado de fora, os divisores de então,
“saíram dentre nós.” Quem está fora pode discordar, criticar, ignorar, mas, “lato
sensu”, respeita a opção dos que creem.
Todavia, quando alguém de dentro, com
espírito empreendedor, aventureiro, sem a luz necessária, decide “aperfeiçoar” o
trabalho, temos problemas.
Geralmente um neófito impetuoso, esse estágio, onde,
os erros estão sempre nos outros. Sim, pecar exige certa maturidade; essa idade
sóbria onde já não são os outros os culpados. Os novatos são perfeitos.
Talvez,
por isso, aos muitos predicados demandados para obreiros, Paulo tenha anexado
esse: “Não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do
diabo.” I Tim 3; 6 Parece que a tentação primeira do novato é a soberba.
No exemplo supra, não os encontramos
comissionados, enviados; antes, saíram espontaneamente, auto enviaram-se; foram
“consertar” o trabalho alheio. Seu fruto? “Perturbaram com palavras”.
Como é fácil investir-se em determinada
empresa quando o “capital” necessário são apenas palavras! Todo mundo tem algo
a dizer; desgraçadamente, quanto mais imbecil, mais falastrão.
Salomão cotejou
dois, aliás, o que tem “bala na agulha” e o que tem agulha apenas. “O que
possui o conhecimento guarda as suas palavras, o homem de entendimento é de
precioso espírito.” Prov 17; 27 Por outro lado, “O tolo não tem prazer na
sabedoria, mas só em que se manifeste aquilo que agrada seu coração.” 18; 2
Ele tenta pacificar a
distância entre ambos aconselhando ao segundo que exiba um traço, pelo menos,
do primeiro. “Até o tolo, quando se cala, é reputado por sábio; o que cerra os
seus lábios é tido por entendido.” 17; 28 Ocorre-me sempre, nesses casos, um
provérbio indianos que diz: “Quando falares, cuida para que tuas palavras sejam
melhores que teu silêncio.” As palavras destes sempre são piores; desconhecem
limites.
Entretanto, sua entrada às igrejas da Ásia para consertar erros
ausentes acabou criando problemas que, agora sim, precisavam conserto. Seus
enganos disseminados precisavam ser desfeitos.
Os escolhidos e comissionados
para a devida correção tinham traços
dignos de nota: “Homens que já expuseram as suas vidas pelo nome de Nosso
Senhor Jesus Cristo”. Uma pequena diferença. Enquanto uns “reformadores” se
dispõem a gastar palavras vãs pela causa, outros, ousam expor as vidas. Quais
seriam dignos de crédito?
Nesses dias de facilidades tecnológicas, cada um é
rei no alto do castelo virtual coroado de presunção. Cheia está a “nuvem” de
ensinos os mais absurdos e estúpidos. Hoje, sequer neófito precisa ser o
sujeito, mesmo não convertido, pode espalhar amplamente sua “visão” poluindo o
trabalho de homens sóbrios que trazem cicatrizes pela causa do Mestre.
Mas,
como também lanço mão do universo virtual para difusão de gotículas de ensino,
quem garante que não sou dos tais, mero paroleiro que investe só palavras no
Reino? Ninguém.
Isso está delegado ao paladar de quem lê; de ter, o tal,
discernimento ou não depende o dirimir eventual dúvida. “Porventura o ouvido
não provará as palavras, como o paladar prova as comidas?” Jó; 12; 11 As palavras
daqueles produziram perturbação na igreja. E, “pelos frutos se conhece a árvore”.
Ademais, quem vê a Obra de Deus sob o prisma da seriedade, responsabilidade,
não se apresenta espontâneo; quando convocado teme, como fizeram Moisés,
Isaías, Jeremias... Se, alguém logo se voluntaria para algo tão sério e
perigoso, de duas uma: é mal intencionado, carreirista que vê a coisa como fonte de renda, vantagens, poder; ou, é um grande imbecil, sem noção. Em ambos os
casos, nenhum serve.
O Eterno
não chama pessoas para darem trabalho; antes, para que façam o devido trabalho.
Quando do Êxodo, veio junto uma mistura de gente que, à primeira adversidade
seu anelo era volver ao Egito; desses se diz que deixaram ao Egito, mas, o
Egito os não deixou.
Na igreja também temos um “populacho” que diz ter
abandonado aos “valores” do mundo, mas, quer “contribuir” com esses meios, uma
vez que o mundo ainda está neles.
Os sábios respondem à chamada de Deus de modo
a não voltar atrás, como fez Eliseu quando Elias o buscou. Matou os bois e
queimou as tralhas de arar, veio pra ficar. Meninos cansam cedo, e buscam
brinquedos novos.
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