domingo, 2 de novembro de 2014

Do abismo ao Everest



“Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.” Luc 15; 7 

Temos uma repercussão festiva no Céu, por uma decisão triste na Terra. Todo arrependimento é acompanhado de tristeza, embora, as consequências sejam alegres, depois; no céu são imediatas. 

Talvez seja lícito inferir que, o contrário também é verdadeiro. Digo, que quando um servo de Deus abandona a fé, há um júbilo no inferno.  Se, nosso individualismo é intocável no campo das decisões, cada um é senhor de suas escolhas, no prisma das consequências, o reflexo extrapola ao indivíduo. Toca Céus, Terra, Inferno. Somos figurantes num teatro universal. 

Embora a cultura moderna apregoe e incentive a conquista da independência, realização individual; a beleza aos olhos Divinos se dá por outro ângulo. O coletivo; interdependência, cooperação, interação, solidariedade. Olhamos admirados para o triunfo de grandes campeões; Deus contempla a beleza no cardume, no bando, enxame, rebanho...


Quando ouço pessoas afirmando tolices, tipo: “Se  bebo é problema meu”, ou, “Faço o que  quiser; ninguém paga minhas contas”, ou, ainda; “minhas escolhas dizem respeito única e exclusivamente a mim;” etc. fico pensando quão desinformados estão sobre as consequências dos atos. Não raro se ouve dos mesmos lábios, elogios aos bons exemplos, bem como, críticas ácidas aos maus; o quê, na prática, é a negação de sua “filosofia”.

Se, mesmo os Céus acusam consequências de nossas escolhas, que dizer dos que nos rodeiam? A Bíblia expressa claramente a interligação de Céus e Terra, tanto em coisas boas, quanto más, que fazemos. Quando o Eterno Fala, deseja ser ouvido lá e cá; “Ouvi, ó céus,  dá ouvidos, tu, ó terra; porque  fala o Senhor:..” Is 1; 2 Se o assunto for, nossas más escolhas, das quais não nos envergonhamos, os Céus se envergonham; “Espantai-vos disto, ó céus, horrorizai-vos! Ficai verdadeiramente desolados, diz o Senhor. Porque o meu povo fez duas maldades: a mim deixaram, o manancial de águas vivas; cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm águas.” Jr 2; 12 e 13 

Então, tanto quanto, o bom porte é uma pregação silenciosa que ilumina e pode atrair pessoas a Deus, a dissolução, o vício de toda ordem, apostasia, dissipam valores que O Eterno preza, e estimulam a queda de pessoas influenciáveis que a isso contemplam.

A inter-relação é tal, que, nos vestimos em função das pessoas, falamos, escrevemos, atuamos, buscando influenciar de alguma forma; mesmo que, inconscientemente. Cada melhoria que fazemos em nossa habitação, cada conquista material, emocional, precisamos dividir. 

Claro que, ao buscarmos o bem alheio necessariamente colheremos o nosso. “Mais bem aventurado é dar que receber”; ou, como diz um provérbio: “Quem acende uma luz é o primeiro a ser iluminado.” 

No fundo, somos peças, de um gigantesco quebra-cabeças, que só fazem sentido, encaixadas no devido lugar, mas, nos desprendemos dele via egoísmo; cada qual visa improvisar desenhos alternativos. Bem disse Pascal, que o homem tem dentro de si um vazio com o formato de Deus; enquanto esse vazio não for preenchido devidamente, seremos apenas, uma peça fora do lugar. 

Assim como a gente vibra se conseguir encaixar uma difícil, vemos no texto supra, aos anjos celebrando um passo semelhante por ocasião da conversão de um pecador.  

E uma peça fora do lugar, dada a inevitável interação, acaba tirando muitas outras; como disse Salomão: “Melhor é a sabedoria do que as armas de guerra, porém um só pecador destrói muitos bens.” Ecl 9; 18 

Quantas vezes, a peça está encaixada, mas, acossada por devaneios insanos cogita achar para si um lugar melhor? O Caso clássico do Filho Pródigo que, tendo tudo, na casa do Pai, avaliou mal a realidade e superdimensionou seus enganos. 

Estando nossa vida escondida em Deus, o devido lugar, somos como alpinistas no cume do Everest; não podemos mais cambiar de nível, exceto, para baixo. 

Às vezes vejo sexagenários, ou, mais idosos até, ansiosos na fila das lotéricas quando a Mega está acumulada. Que fariam os tais, se acertassem? Pois, lhes restam poucos dias de vida que poderiam viver em paz com o quê já possuem. 

Quem sai em busca do não precisa, carece urgente aprender a avaliar o que tem; ou, o quê, deveras falta. Esses, diverso dos alpinistas, estão no fundo do abismo da ignorância; aí, só podem mudar para cima. Quando as cordas da salvação são lançadas, e os anjos conseguem içar a um, com razão festejam, como os chilenos quando tiravam os mineiros soterrados na mina. 

Somos ímpares, mas partes do todo; só os tolos ignoram isso. Busca satisfazer seu próprio desejo aquele que se isola; ele se insurge contra toda sabedoria.” Prov 18; 1

Nenhum comentário:

Postar um comentário