“Digo-vos
que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que
por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.” Luc 15; 7
Temos
uma repercussão festiva no Céu, por uma decisão triste na Terra. Todo
arrependimento é acompanhado de tristeza, embora, as consequências sejam alegres,
depois; no céu são imediatas.
Talvez seja lícito inferir que, o contrário
também é verdadeiro. Digo, que quando um servo de Deus abandona a fé, há um júbilo no inferno. Se, nosso individualismo é intocável no campo
das decisões, cada um é senhor de suas escolhas, no prisma das consequências, o
reflexo extrapola ao indivíduo. Toca Céus, Terra, Inferno. Somos figurantes num
teatro universal.
Embora a cultura moderna apregoe e incentive a conquista da
independência, realização individual; a beleza aos olhos Divinos se dá por
outro ângulo. O coletivo; interdependência, cooperação, interação,
solidariedade. Olhamos admirados para o triunfo de grandes campeões; Deus
contempla a beleza no cardume, no bando, enxame, rebanho...
Quando
ouço pessoas afirmando tolices, tipo: “Se bebo é problema meu”, ou, “Faço o que quiser; ninguém paga minhas contas”, ou,
ainda; “minhas escolhas dizem respeito única e exclusivamente a mim;” etc. fico
pensando quão desinformados estão sobre as consequências dos atos. Não raro se
ouve dos mesmos lábios, elogios aos bons exemplos, bem como, críticas ácidas
aos maus; o quê, na prática, é a negação de sua “filosofia”.
Se, mesmo os Céus
acusam consequências de nossas escolhas, que dizer dos que nos rodeiam? A
Bíblia expressa claramente a interligação de Céus e Terra, tanto em coisas
boas, quanto más, que fazemos. Quando o Eterno Fala, deseja ser ouvido lá e cá;
“Ouvi, ó céus, dá ouvidos, tu, ó terra;
porque fala o Senhor:..” Is 1; 2 Se o
assunto for, nossas más escolhas, das quais não nos envergonhamos, os Céus se
envergonham; “Espantai-vos disto, ó céus, horrorizai-vos! Ficai verdadeiramente
desolados, diz o Senhor. Porque o meu povo fez duas maldades: a mim deixaram, o
manancial de águas vivas; cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm
águas.” Jr 2; 12 e 13
Então, tanto quanto, o bom porte é uma pregação
silenciosa que ilumina e pode atrair pessoas a Deus, a dissolução, o vício de
toda ordem, apostasia, dissipam valores que O Eterno preza, e estimulam a queda
de pessoas influenciáveis que a isso contemplam.
A inter-relação é tal, que,
nos vestimos em função das pessoas, falamos, escrevemos, atuamos, buscando
influenciar de alguma forma; mesmo que, inconscientemente. Cada melhoria que fazemos
em nossa habitação, cada conquista material, emocional, precisamos dividir.
Claro que, ao buscarmos o bem alheio necessariamente colheremos o nosso. “Mais
bem aventurado é dar que receber”; ou, como diz um provérbio: “Quem acende uma
luz é o primeiro a ser iluminado.”
No fundo, somos peças, de um gigantesco
quebra-cabeças, que só fazem sentido, encaixadas no devido lugar, mas, nos desprendemos
dele via egoísmo; cada qual visa improvisar desenhos alternativos. Bem disse
Pascal, que o homem tem dentro de si um vazio com o formato de Deus; enquanto
esse vazio não for preenchido devidamente, seremos apenas, uma peça fora do
lugar.
Assim como a gente vibra se conseguir encaixar uma difícil, vemos no
texto supra, aos anjos celebrando um passo semelhante por ocasião da conversão
de um pecador.
E uma peça fora do lugar,
dada a inevitável interação, acaba tirando muitas outras; como disse Salomão: “Melhor
é a sabedoria do que as armas de guerra, porém um só pecador destrói muitos
bens.” Ecl 9; 18
Quantas vezes, a peça está encaixada, mas, acossada por
devaneios insanos cogita achar para si um lugar melhor? O Caso clássico do
Filho Pródigo que, tendo tudo, na casa do Pai, avaliou mal a realidade e
superdimensionou seus enganos.
Estando nossa vida escondida em Deus, o devido
lugar, somos como alpinistas no cume do Everest; não podemos mais cambiar de
nível, exceto, para baixo.
Às vezes vejo sexagenários, ou, mais idosos até,
ansiosos na fila das lotéricas quando a Mega está acumulada. Que fariam os tais,
se acertassem? Pois, lhes restam poucos dias de vida que poderiam viver em paz
com o quê já possuem.
Quem sai em busca do não precisa, carece urgente aprender
a avaliar o que tem; ou, o quê, deveras falta. Esses, diverso dos alpinistas,
estão no fundo do abismo da ignorância; aí, só podem mudar para cima. Quando as
cordas da salvação são lançadas, e os anjos conseguem içar a um, com razão
festejam, como os chilenos quando tiravam os mineiros soterrados na mina.
Somos
ímpares, mas partes do todo; só os tolos ignoram isso. “Busca satisfazer seu próprio desejo aquele que se isola; ele se insurge
contra toda sabedoria.” Prov 18; 1
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