“...
mortificado... na carne, mas vivificado pelo Espírito; no qual também foi, e
pregou aos espíritos em prisão; os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a
longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca;
na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água;” I Ped 3; 18 a 20
Essa passagem, certamente é uma das mais polêmicas da Bíblia. Por não ser
categórica, clara, tem dado azo às mais diversas posições.
Uns defendem que a “Pregação”
seria uma proclamação de Sua vitória sobre a morte, para espíritos caídos
simplesmente, sem mensagem de salvação.
Outros, que em qualquer circunstância, o evangelho é pregado aos mortos, dado
que, sem ele todos se encontram mortos.
Uma terceira posição advoga que “prisão” é a condição dos espíritos
hoje; os que não creram nos dias de Noé.
Afinal, acreditam, seria herético defender que
haja salvação a ser anunciada a espíritos desencarnados, dado que, Hebreus 9;
27 diz que, “ao homem está ordenado morrer uma vez, depois, o juízo.” etc.
Imaginar
ter solução para algo tão complexo, seria pretensioso; entretanto, dar minha opinião, sem ser dogmático, acho que posso.
Não me parece necessária uma proclamação aos anjos caídos, da Vitória do Salvador sobre a morte, em forma
de pregação, dado que, “deles triunfou e expôs publicamente na Cruz.” Como
ensinou Paulo. Col 2; 15
A defesa genérica que em qualquer
circunstância se prega a mortos tornaria inútil certa afirmação subsequente de
Pedro que inclui os mortos invés de generalizar; “Porque por isto foi pregado o
evangelho ‘também’ aos mortos, para que, na verdade, fossem julgados segundo os
homens na carne, mas vivessem segundo Deus em espírito;” Cap 4; 6 Se há
diferença entre os “mortos” e os homens na carne, certamente, não se trata dos
mesmos, de modo que a premissa da generalização da morte não se sustenta.
Que
trata de espíritos antediluvianos o mesmo contexto expõe; mas, teria Noé pregado
o evangelho antes do mesmo existir? Afinal, a “Boa Nova” veio, de fato, após a
cruz. Antes, seria profecia. Certo é
que, todos os profetas idôneos falaram pelo “Espírito de Cristo” sem o qual,
sequer profetas seriam. Contudo, concluir que isso embasa que Ele foi em Espírito
quando cada profeta falou é forçar. Um profeta fala comissionado por Deus, mas,
não é Deus.
Então, como admitir que O Senhor pregou a espíritos em prisão sem
atropelar a Hebreus 9; 27?
Se, Pedro não foi bem claro sobre tais espíritos,
alvos da pregação, o foi, quanto ao método; “... para que... fossem julgados
segundo os homens, na carne, mas, vivessem segundo Deus, em espírito.” Como são
julgados os homens em relação ao Evangelho? “ Quem crer e for batizado será
salvo, quem não crer será condenado.” Mc 16; 16.
Poderiam, eventuais espíritos
que estivessem num lugar intermediário entre Céu e Inferno crerem na vitória de
Cristo sobre a morte e decidirem, após, obedecê-lo? A resposta é; sim.
O texto
de Hebreus não pretende ser um dogma sobre a necessidade de morrer um vez, (
Elias e Enoque não morreram ) mas, serve como “escada” a outro argumento
paralelo. “assim como os homens morrem e são julgados, também Cristo aparecerá
sem pecados, ( o Seu Juízo ) aos que O esperam para Salvação.
Ademais, o juízo
geralmente se refere a atos humanos, em face a determinados mandamentos; porém,
quais conheciam os aludidos antediluvianos?
Paulo chega a fazer uma terra arrasada meio “injusta”
antes de Moisés. “Porque até à lei estava o pecado no mundo, mas, o pecado não
é imputado, não havendo lei. No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés;
mesmo sobre aqueles que não tinham pecado à semelhança da transgressão de Adão,
o qual é a figura daquele que havia de vir.” Rom 5; 13 e 14
Diz que o pecado
não fora imputado por não haver Lei; entretanto, seu “salário”, a morte, fora “pago”. Definiu isso como reinado da morte.
Embora o
contexto da afirmação que, “Deus não toma em conta os tempos da ignorância”
atine à idolatria dos gregos, acredito que sua abrangência seja maior. Por amor
à justiça, do “Juiz de toda a Terra”, como definiu Abraão.
Assim, penso que a mesma razão demanda um
anúncio global do Feito de Cristo antes do Juízo, como Ele mesmo Vaticinou. “Este
evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as
nações, e então virá o fim.” Mat 24; 14
Que se entenda que não estou postulando
uma salvação após a morte doutrinariamente; antes, que naquele caso específico
pareceu bem ao Eterno dar oportunidade de crerem para a salvação aos que foram
sumariamente executados antes, e durante, o dilúvio.
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