quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Jesus pregou aos mortos?



“... mortificado... na carne, mas vivificado pelo Espírito; no qual também foi, e pregou aos espíritos em prisão; os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água;” I Ped 3; 18 a 20 

Essa passagem, certamente é uma das mais polêmicas da Bíblia. Por não ser categórica, clara, tem dado azo às mais diversas posições. 

Uns defendem que a “Pregação” seria uma proclamação de Sua vitória sobre a morte, para espíritos caídos simplesmente, sem  mensagem de salvação. Outros, que em qualquer circunstância, o evangelho é pregado aos mortos, dado que, sem ele todos se encontram  mortos.  Uma terceira posição advoga que “prisão” é a condição dos espíritos hoje; os que não creram nos dias de Noé.  

Afinal, acreditam, seria herético defender que haja salvação a ser anunciada a espíritos desencarnados, dado que, Hebreus 9; 27 diz que, “ao homem está ordenado morrer uma vez, depois, o juízo.” etc. 

Imaginar ter solução para algo tão complexo, seria pretensioso; entretanto, dar minha opinião, sem ser dogmático, acho que posso.

Não me parece necessária uma proclamação aos anjos caídos,  da Vitória do Salvador sobre a morte, em forma de pregação, dado que, “deles triunfou e expôs publicamente na Cruz.” Como ensinou Paulo.  Col 2; 15  

A defesa genérica que em qualquer circunstância se prega a mortos tornaria inútil certa afirmação subsequente de Pedro que inclui os mortos invés de generalizar; “Porque por isto foi pregado o evangelho ‘também’ aos mortos, para que, na verdade, fossem julgados segundo os homens na carne, mas vivessem segundo Deus em espírito;” Cap 4; 6 Se há diferença entre os “mortos” e os homens na carne, certamente, não se trata dos mesmos, de modo que a premissa da generalização da morte não se sustenta.

Que trata de espíritos antediluvianos o mesmo contexto expõe; mas, teria Noé pregado o evangelho antes do mesmo existir? Afinal, a “Boa Nova” veio, de fato, após a cruz. Antes, seria profecia.   Certo é que, todos os profetas idôneos falaram pelo “Espírito de Cristo” sem o qual, sequer profetas seriam. Contudo, concluir que isso embasa que Ele foi em Espírito quando cada profeta falou é forçar. Um profeta fala comissionado por Deus, mas, não é Deus. 

Então, como admitir que O Senhor pregou a espíritos em prisão sem atropelar a Hebreus 9; 27? 

Se, Pedro não foi bem claro sobre tais espíritos, alvos da pregação, o foi, quanto ao método; “... para que... fossem julgados segundo os homens, na carne, mas, vivessem segundo Deus, em espírito.” Como são julgados os homens em relação ao Evangelho? “ Quem crer e for batizado será salvo, quem não crer será condenado.” Mc 16; 16. 

Poderiam, eventuais espíritos que estivessem num lugar intermediário entre Céu e Inferno crerem na vitória de Cristo sobre a morte e decidirem, após, obedecê-lo? A resposta é; sim. 

O texto de Hebreus não pretende ser um dogma sobre a necessidade de morrer um vez, ( Elias e Enoque não morreram ) mas, serve como “escada” a outro argumento paralelo. “assim como os homens morrem e são julgados, também Cristo aparecerá sem pecados, ( o Seu Juízo ) aos que O esperam para Salvação.

Ademais, o juízo geralmente se refere a atos humanos, em face a determinados mandamentos; porém, quais conheciam os aludidos antediluvianos?   

Paulo chega a fazer uma terra arrasada meio “injusta” antes de Moisés. “Porque até à lei estava o pecado no mundo, mas, o pecado não é imputado, não havendo lei. No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés; mesmo sobre aqueles que não tinham pecado à semelhança da transgressão de Adão, o qual é a figura daquele que havia de vir.” Rom 5; 13 e 14 

Diz que o pecado não fora imputado por não haver Lei; entretanto, seu “salário”, a morte, fora “pago”.  Definiu isso como reinado da morte. 

Embora o contexto da afirmação que, “Deus não toma em conta os tempos da ignorância” atine à idolatria dos gregos, acredito que sua abrangência seja maior. Por amor à justiça, do “Juiz de toda a Terra”, como definiu Abraão.   

Assim, penso que a mesma razão demanda um anúncio global do Feito de Cristo antes do Juízo, como Ele mesmo Vaticinou. “Este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim.” Mat 24; 14  

Que se entenda que não estou postulando uma salvação após a morte doutrinariamente; antes, que naquele caso específico pareceu bem ao Eterno dar oportunidade de crerem para a salvação aos que foram sumariamente executados antes, e durante, o dilúvio.

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