sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Ruim demais para ser salvo



“E eu disse: Senhor, eles bem sabem que eu lançava na prisão e açoitava nas sinagogas os que criam em ti. E quando o sangue de Estevão, tua testemunha, se derramava, também eu estava presente,  consentia na sua morte;  guardava as capas dos que o matavam. E disse-me: Vai, porque hei de enviar-te aos gentios de longe.” Atos 22; 19 a 21

Paulo em sua defesa relembra um colóquio com o Senhor. Ele lhe ordenara fugir apressado, pois, a ameaça se aproximava.  Contudo, o apóstolo argumentou que era culpado pelas perseguições que impôs aos cristãos, culminando com a morte de Estevão.  O Salvador sequer perdeu tempo com os remorsos dele, antes, mandou em frente.  “Vai, porque hei de enviar-te aos gentios de longe.” 

Na verdade, temos dificuldade de lidar com o perdão; tanto quando damos, quanto, quando recebemos. Quantas vezes, ao sabor de um  desentendimento lançamos em rosto de alguém coisas idas que já “perdoamos”? 

Todo o passado sujo de Paulo era verídico, mas, o Senhor o chamara, perdoara,   escolhera; então, já não contava mais. Uma canção que  Nelson Ned cantava dizia: “E eu quando amo não brinco, eu amo.” De nós é até pretensioso afirmar algo assim; ainda que o valha nos domínios da poesia.  Mas,  Deus é assim mesmo. Quando ama, ama; se perdoa, perdoa. 

Não poucas pessoas com as quais conversei sobre salvação  se disseram ruins demais para serem perdoadas. “Já fiz cada coisa que até Deus duvida”, dizem; esquecendo que, quem se lhes mandou falar de amor e perdão é o mesmo Deus, que sabe. 

A insegurança de Paulo quanto ao perdão Divino, porém, perdurou apenas quando era insipiente na fé; depois, tomou posse; ensinou que não há ruindade suficiente para afastar alguém do amor de Deus; ainda que demande arrependimento para perdoar. “Esta é uma palavra fiel, digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. Mas por isso alcancei misericórdia, para que em mim, que sou o principal, Jesus Cristo mostrasse toda a sua longanimidade, para exemplo dos que haviam de crer nele para a vida eterna.” I Tim 1; 15 e 16 

Se, o principal dos pecadores, como se definiu, alcançou misericórdia, essa mesma dádiva está ao alcance de todos. Disse ainda. “Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um, muitos serão feitos justos. Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça;” Rom 5; 19 e 20 

Muitas vezes as desculpas de alguém que se evade ao convite da salvação se dizendo indigno, na verdade, ocultam a incredulidade, de um que sabe bem das implicações de pertencer ao Senhor, e recusa-se a aceitar.

Tanto é certo que o perdão está disponível a todos que querem reconciliação com Deus, quanto, que uma vez obtido isso,  algumas renúncias são necessárias. 

O mesmo Paulo descreve qual a identidade dos reconciliados. “Todavia o fundamento de Deus fica firme tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus;  qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2; 19  

Assim, os “ruins demais” sabem que a graça é ampla mas consequente; fingem-se indignos fugindo às consequências e traindo a si mesmos. Afinal, se a salvação demandasse méritos humanos estaríamos todos perdidos, irremediavelmente. “Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus.” Rom 3; 10 e 11 

Ademais, no caso de Paulo, entregar-se à justiça como cogitou, invés de fugir, seria tremendamente injusto.  Quem o ameaçava não eram os cristãos que foram por ele maltratados. Antes, os religiosos judeus para os quais trabalhara quando perseguidor; então, estavam furiosos, por, ter ele, deixado de ser.  Nesse caso, cometeria duplo erro; rejeitaria a graça Divina e corroboraria a maldade humana. 

Em suma, rejeitar a graça por ser ruim demais  é patentear a extrema maldade humana, tentando atribuir a Deus uma dificuldade que Ele não tem; perdoar. Para mascarar duas que nos temos; crer e obedecer. 

Isaías já realçara que entre as grandezas Divinas está essa: Misericórdia. “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar.” Is 55; 7 

A mulher de Ló pereceu por olhar pra trás, onde ardia o juízo. Diante de nós a graça; atrás, as culpas.  A direção do olhar, nós escolhemos. Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não há outro.” Is 45; 22

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