“Que faremos
para executarmos as obras de Deus?” Jo 6; 28
Uma das máscaras mais comuns na face humana é travestir nossos próprios
anseios como se de Deus. Noutras palavras: laborar pelos próprios desejos,
cobiças, e “santificar” isso atribuindo nossas deturpações Ao Santo.
Facilmente
nos voluntariamos às coisas das quais pressupomos uma recompensa imediata. Essa
febre se vê no relato de João que mostra o ápice do
ministério de Jesus em termos de “aceitação”.
Multidões
foram a Cafarnaum a Sua procura, e o interrogaram sobre como servir a Deus; que
maravilha! Finalmente o Salvador conseguira tocar em seus corações! Não,
infelizmente não era bem assim.
A Parábola do Semeador ilustra bem que pouca
semente da muita lançada cai em boa terra. Um dia antes Ele multiplicara o pão
para a multidão. Eles foram atrás do Mestre em busca de mais, de modo que os
exortou: “…me buscais, não pelos sinais que vistes, mas porque comestes do
pão e vos saciastes.” V 26
Os ouvintes ainda tentaram uma fútil coação; quiçá emulação dizendo: “Moisés
deu o pão do céu, que sinal operas tu?” v 30 e 31 Nem se preocuparam
em disfarçar que não estavam atrás de pão como o Senhor acusara, antes,
confirmaram isso com suas palavras. Não há dúvidas que se Ele tivesse vindo para
trazer pães e peixes a desocupados seria um sucesso de público e crítica; mas,
Seus alvos eram outros.
Depois de dizer que Ele
é o pão vivo, o Senhor ensinou em quê consiste o “comer”. “…Eu sou o pão da
vida; aquele que vem a mim não terá fome…” v 35 “Mas já vos disse que
também vós me vistes, e contudo não credes.” V 36 O comer, no caso, é crer,
o que implica obedecer às ultimas consequências, como ensina Paulo: “Ou não
sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua
morte?” Rom 6; 3
Se alguém pretende ser Dele, pois, abdique da pretensão de gerir a
própria vida e submeta-se totalmente à Sua Vontade. “…Se alguém quer vir
após mim, negue a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me.” Luc 9;
23
Aliás, o mesmo Paulo escrevendo aos filipenses, reforça essa ideia
em palavras bem claras; “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que
houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por
usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de
servo…” Fp 2; 5 – 7
As multidões que hoje
correm após mensagens que afirmam que Jesus continua multiplicando o pão e os
peixes, ou seja, basta “sacrificar” e ter tudo; prosperidade, empregos, honras,
são imensa maioria.
Seus gurus pegaram as partes “feias” do Evangelho e
deram um trato no Photoshop, de modo que ficou lindo, a carne adora, uma vez que
oferece o céu sem cruz.
Nunca prosperou tanto o engano
como nos lábios dessa geração de safados, que despreza a cruz de Cristo e
profana Seu santo Nome. “Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos
disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo, cujo
fim é a perdição; cujo Deus é o ventre, e cuja glória é para confusão deles,
que só pensam nas coisas terrenas.” Fp 3; 18 e 19
Seus templos estão cheios de
gananciosos atraídos pela mensagem facilmente digerível que eles pregam. Fácil
ao homem natural, ao espiritual soa obsceno.
Tristemente somos uma geração que
vê, tudo acaba em vídeo, pouco ouve, quase nada analisa. A imensa interação que
os meios tecnológicos propiciam massifica; tolhe o indivíduo que acaba sumindo
numa coisa amorfa, conduzida pelo fluxo comum em busca de aceitação.
Constroem seus
majestosos templos, criam um “Deus” às suas imagens corruptas e mercantís, e
apregoam como sendo o Senhor do universo.
Será que tinha isso em mente o
traíra-mor, quando disse, “sereis como Deus”? Talvez nem ele suspeitasse quanto
efeito essa mentira faria no seio da humanidade, deve estar se sentindo o cara.
O Evangelho genuíno continua
centrado na Cruz de Cristo, seu fim ainda é salvar, e o meio, também persiste,
arrependimento. O resto é só motim de pecadores profissionais, faltos de
caráter que pecam sobre os púlpitos; não importa quanto sucesso alcancem,
aliás, o único atrativo do pecado é que acena com certo prazer, omitindo as
consequências, e pecado da pior espécie é o que suas mensagens contêm,
profanação.
A verdade não carece retoques, pois traz a beleza em si. “A obra de Deus é esta: Que
creiais naquele que ele enviou.” Jo 6; 29
"O falso é tão vizinho do verdadeiro, que o
sábio não deve aventurar-se num desfiladeiro tão perigoso." Cícero
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