“Sede meus imitadores, como também eu de Cristo.” I
Cor 11; 1
Todos filosofam sobre a superioridade do exemplo em relação às
palavras. Essas, mesmo eloquentes podem ser menos impactantes que um quadro
vivo. Segundo Confúcio aprender por imitação é o método mais fácil.
Então, buscando a educação da criança cabe considerar que tipo de exemplos o
Brasil vem protagonizando como pedagogos dos infantes que geramos. Afinal, os
rebentos são lançados no palco da vida sem script algum; pouco a pouco vão
improvisando suas “falas” dados os parâmetros que possuem. Podem até inserir
alguns “cacos” com permissão do diretor, Destino, em face à índole de cada
ator.
Mas, estarão fadados a uma gama de valores ante os quais terão que optar
pela facilidade de assimilá-los; ou, a excentricidade de combatê-los.
Presto um pai disciplinará ao filho que mentir a ele; mas, a mentira é
canonizada diariamente nas novelas, na política e mesmo nos exemplos em
família. Se todos batem o pé esquerdo ao rufar o tambor do interesse, como
esperar que nosso filho seja o proverbial “soldadinho-do-passo-certo?”
Se a mídia e a população em geral aplaudem bundas e peitos, como
convencer que o vital é desenvolver neurônios? Sim, temos competições desse
tipo; malgrado o estereótipo da loira burra, que, em tese despreza a
vulgaridade da beleza oca, a maioria do “conteúdo” cultuado nessa geração é de
silicone. Os bravos tomam “bombas” para ostentarem o mesmo por outros métodos
igualmente ocos e fraudulentos.
Se o interesse imediato suplanta valores, como impregná-los? Moral e
bons costumes são extirpados dia a dia pelo antivírus do sistema ímpio e
corrupto. Como ensinar aos pequenos sobre obedecer às leis e autoridades, se,
quando o querem, vagabundos desordeiros quebram tudo em nome da anarquia e
ficam impunes? Quando se atrevem a deter um ou outro, sempre tem um juiz que
“não vê crime algum”; redefinindo assim, por sua omissão, em quê a justiça é
cega?
Como desenvolver o gosto pela arte se verdadeiras lixeiras verbais são
vendidas como se a ela pertencessem? A maioria do que chamam música é mera
pornografia ou vômito de ranços sociais; ainda, privados de arranjos rebuscados
ou intérpretes de talento.
Claro que pode viçar flor entre pedras; mas, é mais comum que elas
sirvam de abrigo a cobras e lagartos. Assim, surgir um virtuoso nas artes, na
política, no caráter, nesse caldo de maus exemplos, que inclui ainda grande
leva de religiosos é um albinismo quase impossível.
Jeremias já advertia: “Porventura
pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas? Então podereis
vós fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal.” Jr 13; 23
Outro dia, na Argentina, um menino por nome Miguel, de apenas seis anos
disse que queria ser menina e ganhou autorização da presidente Cristina
Kirchner para fazer operação de mudança de sexo; passou a ser Luana.
Ora, mesmo
na adolescência os humanos ainda não têm suas psiquês formadas e lutam com seus
conflitos de identidade; poderia aos seis anos saber o que quer de fato, e
decidir algo que valerá para a toda a vida? Pelo jeito, se ele ( ela ) se
sentisse um cachorrinho ganharia banho, tosa, ração e coleira, com a bênção
presidencial; francamente!
Assim, além de privarmos aos pequenos de exemplos
edificantes nos omitimos de amparar com sobriedade em caso de anomalias
psíquicas como essa.
Finalmente captei a mensagem do “pequeno Príncipe;” Eu pensava que a
superioridade infantil era uma metáfora da pureza moral; mas, desconfio que
estava enganado. “As pessoa grandes não compreendem nada
sozinhas, e é cansativo para as crianças estar a toda hora explicando” ( Saint-Exupéry )
Enfim, Miguel ou Luana, explicou
e os hermanos entenderam. Lá, como cá, muitas crianças crescem sem pai nem mãe,
infelizmente.
Por fim, sempre fui exortado ao estudo para ser alguém na vida; aí
acabei não sendo quase nada; pois, não obstante algum jeito com as letras,
terminei governado por analfabetos, corruptos, ladrões. Será que meu filho
sentir-se-á estimulado ao estudo por sua vez?
Criamos o “Dia da criança” para
dar-lhes o que a maioria nem precisa. Então, os privilegiados pelo berço
receberão alegremente, o que pediram. Outros, com menos sorte contentam-se com
o que é possível.
Contudo, quantos, não apenas nesse dia, mas, em todo o tempo
estarão recebendo o que, de fato, é necessário?
Nossa “educação” resume-se à difusão do conhecimento privada de valores;
assim, desenvolvem-se talentos sem caráter; um mau caráter talentoso acaba
sendo o melhor dos piores. Então, em qualquer dia, ensejemos um upgrade nas
figuras que eles querem ser quando crescerem dando-lhes de presente, adultos
melhores.
“O homem é uma criatura
influenciada mais por padrões do que por preceitos".
(George Swinnock)
(George Swinnock)
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