sábado, 13 de setembro de 2014

O quê as crianças precisam?



“Sede meus imitadores, como também eu de Cristo.” I Cor 11; 1

Todos filosofam sobre a  superioridade do exemplo em relação às palavras. Essas, mesmo eloquentes podem ser menos impactantes que um quadro vivo. Segundo Confúcio aprender por imitação é o método mais fácil.  

Então, buscando a educação da criança cabe considerar que tipo de exemplos o Brasil vem protagonizando como pedagogos dos infantes que geramos. Afinal, os rebentos são lançados no palco da vida sem script algum; pouco a pouco vão improvisando suas “falas” dados os parâmetros que possuem. Podem até inserir alguns “cacos” com permissão do diretor, Destino, em face à índole de cada ator.

Mas, estarão fadados a uma gama de valores ante os quais terão que optar pela facilidade de assimilá-los; ou, a excentricidade de combatê-los.

Presto um pai disciplinará ao filho que mentir a ele; mas, a mentira é canonizada diariamente nas novelas, na política e mesmo nos exemplos em família. Se todos batem o pé esquerdo ao rufar o tambor do interesse, como esperar que nosso filho seja o proverbial “soldadinho-do-passo-certo?”

Se a mídia e a população em geral aplaudem bundas e peitos, como convencer que o vital é desenvolver neurônios? Sim, temos competições desse tipo; malgrado o estereótipo da loira burra, que, em tese despreza a vulgaridade da beleza oca, a maioria do “conteúdo” cultuado nessa geração é de silicone. Os bravos tomam “bombas” para ostentarem o mesmo por outros métodos igualmente ocos e fraudulentos.

Se o interesse imediato suplanta valores, como impregná-los? Moral e bons costumes são extirpados dia a dia pelo antivírus do sistema ímpio e corrupto. Como ensinar aos pequenos sobre obedecer às leis e autoridades, se, quando o querem, vagabundos desordeiros quebram tudo em nome da anarquia e ficam impunes? Quando se atrevem a deter um ou outro, sempre tem um juiz que “não vê crime algum”; redefinindo assim, por sua omissão, em quê a justiça é cega?

Como desenvolver o gosto pela arte se verdadeiras lixeiras verbais são vendidas como se a ela pertencessem? A maioria do que chamam música é mera pornografia ou vômito de ranços sociais; ainda, privados de arranjos rebuscados ou intérpretes de talento.

Claro que pode viçar flor entre pedras; mas, é mais comum que elas sirvam de abrigo a cobras e lagartos. Assim, surgir um virtuoso nas artes, na política, no caráter, nesse caldo de maus exemplos, que inclui ainda grande leva de religiosos é um albinismo quase impossível. 

Jeremias já advertia: “Porventura pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas? Então podereis vós fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal.” Jr 13; 23

Outro dia, na Argentina, um menino por nome Miguel, de apenas seis anos disse que queria ser menina e ganhou autorização da presidente Cristina Kirchner para fazer operação de mudança de sexo; passou a ser Luana. 

Ora, mesmo na adolescência os humanos ainda não têm suas psiquês formadas e lutam com seus conflitos de identidade; poderia aos seis anos saber o que quer de fato, e decidir algo que valerá para a toda a vida? Pelo jeito, se ele ( ela ) se sentisse um cachorrinho ganharia banho, tosa, ração e coleira, com a bênção presidencial; francamente! 

Assim, além de privarmos aos pequenos de exemplos edificantes nos omitimos de amparar com sobriedade em caso de anomalias psíquicas como essa.

Finalmente captei a mensagem do “pequeno Príncipe;” Eu pensava que a superioridade infantil era uma metáfora da pureza moral; mas, desconfio que estava enganado.  “As pessoa grandes não compreendem nada sozinhas, e é cansativo para as crianças estar a toda hora explicando” ( Saint-Exupéry ) 

Enfim, Miguel ou Luana, explicou e os hermanos entenderam. Lá, como cá, muitas crianças crescem sem pai nem mãe, infelizmente.
  
Por fim, sempre fui exortado ao estudo para ser alguém na vida; aí acabei não sendo quase nada; pois, não obstante algum jeito com as letras, terminei governado por analfabetos, corruptos, ladrões. Será que meu filho sentir-se-á estimulado ao estudo por sua vez?

Criamos o “Dia da criança” para dar-lhes o que a maioria nem precisa. Então, os privilegiados pelo berço receberão alegremente, o que pediram. Outros, com menos sorte contentam-se com o que é possível.

Contudo, quantos, não apenas nesse dia, mas, em todo o tempo estarão recebendo o que, de fato, é necessário?

Nossa “educação” resume-se à difusão do conhecimento privada de valores; assim, desenvolvem-se talentos sem caráter; um mau caráter talentoso acaba sendo o melhor dos piores. Então, em qualquer dia, ensejemos um upgrade nas figuras que eles querem ser quando crescerem dando-lhes de presente, adultos melhores.

“O homem é uma criatura influenciada mais por padrões do que por preceitos".
(George Swinnock)

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