terça-feira, 9 de setembro de 2014

Encantadores de serpentes



“Odeio, desprezo as vossas festas, vossas assembleias solenes não me exalarão bom cheiro. Ainda que me ofereçais holocaustos, ofertas de alimentos, não me agradarei delas; nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais gordos. Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias das tuas violas. Corra, porém, o juízo como as águas, a justiça como ribeiro impetuoso.” Am 5; 21 a 24   

Quando uma oferta era aceitável a Deus, a Bíblia diz que subia em “cheiro suave ao Senhor”. Aqui, o Eterno está desprezando um culto solene, bem como as oferendas “pacíficas”. 

Havia dois tipos de sacrifícios, o expiatório e o pacífico. O primeiro era associado a uma confissão de culpa, busca de remissão pelo pecado cometido. O segundo, como o nome sugere, pacífico, presumia que o servo estava em paz com Deus. Ofertava em adoração, gratidão por bênçãos recebidas. 

Deus disse: “Corra, porém, o juízo como águas, a justiça como ribeiro impetuoso.” Implica que estava identificando injustiça nos “fiéis”.  Contudo, cultuavam, cantavam no templo em “paz” com Deus.

Sua falta de noção em relação ao Santo os levava a prestarem um culto, ostentação, que agradava e eles próprios apenas. “E oferecei o sacrifício de louvores do que é levedado; apregoai as ofertas voluntárias, publicai-as; porque disso gostais, ó filhos de Israel, disse o Senhor Deus.” Cap 4; 5 

Ofertas com fermento eram vetadas, contudo, ofereciam, em atenção ao próprio prazer, invés do Divino. 

Quando o culto se torna um fim, não é melhor que qualquer clube recreativo, onde, as pessoas vão se divertir; na verdade é pior, pois, lá não se profana o nome do Santo.

Quem santifica sua própria vontade, naturalmente rejeita a de Deus e quem  anunciá-la. “Odeiam na porta ao que os repreende, abominam ao que fala sinceramente.”  5; 10 

Esse mesmo mal permeia os cultos modernos de uma igreja, em sua maioria antropocêntrica, ostensiva, pouco afeita à Palavra de Deus.  Os “louvores” que seriam nossa “oferta pacífica” ganham espaços dobrados em relação à Palavra, ou, oração. Muitas letras têm pouco, ou nada, de bíblicas, mas, é o que ensinamos em forma de cânticos. 

Somos radicais “do bem”. Explico: Enquanto radicais islâmicos matam sumariamente aos que recusam abraçar sua fé, nós agradamos educadamente aos mortos que querem se divertir em nosso meio. Matamos também, contudo, somos muito mais civilizados. 

O pregador que opta por ser agradável invés de medicinal, não passa de um encantador de serpentes. Os bichinhos se contorcem inofensivos ao som de sua “música”; vão e voltam de posse de seu veneno. Em tempos como esse, da ditadura do “politicamente correto” e pressão por ecumenismo, isso tende a recrudescer. 

Contextualizar a mensagem é uma boa prática, desde que, isso signifique verter valores eternos para a linguagem corrente; não perverter o que é Santo, para adaptar ao gosto de uma geração perversa, sem noção. “Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, mas que nunca foi lavada da sua imundícia.” Prov 30; 12. 

Paulo falou dos inimigos da cruz; Pedro e Judas dos pastores de si mesmos. Aqueles buscam religião como entretenimento; esses, como fonte de renda, meio de ganhar a vida. 

A definição precisa de nossa função é um tanto diversa. “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; pôs em nós a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamo-vos, pois, da parte de Cristo, que vos reconcilieis com Deus.” I Cor 5; 19 e 20  

Sim, embora não pareça, a questão é de inimizade entre a humanidade e Deus. Enquanto a paz não for refeita mediante Cristo, não há espaço para culto pacífico. 

Ímpios religiosos sempre irritam a Deus. “Mas ao ímpio diz Deus: Que fazes tu em recitar os meus estatutos e tomar a minha aliança na tua boca? Visto que odeias a correção, lanças as minhas palavras para detrás de ti. Quando vês o ladrão, consentes com ele, tens a tua parte com adúlteros. Soltas a tua boca para o mal, a tua língua compõe o engano. Assentas-te a falar contra teu irmão; falas mal contra o filho de tua mãe. Estas coisas tens feito,  eu me calei; pensavas que era tal como tu, mas eu te arguirei, as porei por ordem diante dos teus olhos:” Sal 50; 16 a 21 

Exortando sobre a seriedade do louvor sem noção, Salomão o figura como um caminho, um jeito insano de andar. “Guarda teu pé, quando entrares na casa de Deus; porque chegar-se para ouvir é melhor do que oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal.” Ecl 5; 1

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