“Se
te mostrares fraco no dia da angústia, a tua força é pequena.” Prov 24; 10
Ao
pensarmos em força referente a um reino, governo, fatalmente associaremos à
autoridade, respaldada por forte aparato bélico e grande exército. Uma
potência; como os Estados Unidos, por exemplo. Mas, se a análise restringir-se
a uma pessoa, então, buscaremos a excelente constituição física, ótima saúde,
estatura...
Entretanto, angústia, ainda que possa derivar de fatores externos
é um mal que assola a alma. Desse modo, a força útil em tempos angustiosos deve
residir, óbvio, na mesma.
Capitular fisicamente ao mais forte é necessário para
qualquer valente. Render a alma, não. Diariamente somos informados,
infelizmente, de gente que, por recusar aderir aos fundamentalistas islâmicos,
no Iraque, Síria e Nigéria são executados sumariamente. Esse é um triste e
dolorido exemplo de capitular a uma força superior, sem render a alma.
Jó, por
sua vez, estava falido, perturbado com a morte dos filhos e desvio da esposa,
assolado na saúde; de quebra, assediado por amigos tagarelas que invés de
associarem-se à sua dor, simplesmente acusavam, sem provas. Desse modo, razões
angustiosas sobravam.
Nenhuma foi forte o bastante, contudo, a ponto de fazê-lo
negar sua fé. Disse: “Quem me dera agora, que as minhas palavras fossem
escritas! Quem me dera, fossem gravadas num livro! Com pena de ferro e com
chumbo, para sempre fossem esculpidas na rocha. Porque eu sei que o meu
Redentor vive, e por fim se levantará
sobre a terra.” Jó 19; 23 a 25 Eis um forte, em plena angústia!
O salvador,
quando se aproximava o momento derradeiro, não pode evadir-se ao conflito entre
a fraqueza física que cogita fugir, e a alma forte que acaba a missão ao preço
que for. “Tomou consigo a Pedro, Tiago, e João, e começou a ter pavor, a
angustiar-se. E disse-lhes: A minha alma está profundamente triste até a morte;
ficai aqui, e vigiai. E, tendo ido um pouco mais adiante, prostrou-se em terra;
e orou para que, se fosse possível, passasse dele aquela hora. E disse: Aba,
Pai, todas as coisas te são possíveis; afasta de mim este cálice; não seja,
porém, o que eu quero, mas, o que tu queres.” Mc 14; 33 a 36 Mesmo a profunda
angústia não deve nos levar a desejarmos nossa vontade antes da Deus.
Essa
força interior em muito supera a externa, como dissera Salomão. “Melhor é o que
tarda em irar-se do que o poderoso; o que controla o seu ânimo do que aquele
que toma uma cidade.” Prov 16; 32 Por quê? Porque tomar uma cidade muitos
comandantes de exércitos lograram; submetendo-se à Vontade de Deus até a morte,
Cristo tomou um Reino global, eterno. Facilmente se vê qual a força maior.
Agitações externas, tanto enfraquecem, quanto, em momentos eufóricos iludem, sobre
a real força de nossas almas. Nos ditos avivamentos, muita ousadia vem à tona;
mas, os reveses, as angústias é que mensuram nosso valor.
Os hebreus no início
agiram intrépidos movidos pela onda da igreja vitoriosa; mas, nos dias de espera
estavam fraquejando. “Em parte fostes feitos
espetáculo com vitupérios e tribulações, e em parte fostes participantes com os
que assim foram tratados. Porque também vos compadecestes das minhas prisões, e
com alegria permitistes o roubo dos vossos bens, sabendo que em vós mesmos
tendes nos céus uma possessão melhor e permanente. Não rejeiteis, pois, a vossa
confiança, que tem grande e avultado galardão.” Heb 10; 33 a 35
Depois dessa
breve exortação à preservação da confiança o autor alista a famosa galeria dos “Heróis
da fé” no capítulo 11, para, enfim, demonstrar que o tédio espiritual deles era
pequeno, ante os que “Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos ao fio da
espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos
e maltratados” v 37.
Após, apontou Jesus como parâmetro, e sutilmente lembrou
aos desanimados que a situação nem era para tanto. “Ainda não
resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado.” 12; 4
Então, há angústias que são necessárias, dada a
opressão que cerca; outras, gratuitas de quem devaneia com facilidades e
frustra-se quando elas não vêm. O Mestre desafiou a um bom estado de ânimo
mesmo em meio a elas. “Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no
mundo tereis aflições, mas, tende bom ânimo, eu venci o mundo.” Jo 16; 33
Invés
da doentia “teologia da prosperidade,” mais prudente seria um enfoque da
adversidade, para, em Deus, triunfarmos a ela. Aflições não são causadas pelo
Pai; mas, Ele usa nossa passagem por elas como elemento de purificação interior. “Eis
que já te purifiquei, mas não como a prata; escolhi-te na fornalha da aflição.”
Is 48; 10
Nenhum comentário:
Postar um comentário