terça-feira, 2 de setembro de 2014

Dinheiro, um amor besta



“Quem amar o dinheiro jamais dele se fartará; quem amar a abundância nunca se fartará da renda; também isto é vaidade.” Ecles 5; 10 

Se, Salomão qualificou  amor ao dinheiro como motor de uma busca inglória, insaciável, como correr atrás da sombra; Paulo alistou os efeitos colaterais dessa corrida. “Mas os que querem ser ricos caem em tentação, em laço, em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; nessa cobiça alguns se desviaram da fé, transpassaram a si mesmos com muitas dores.” I Tim 6 ; 9 e 10 A figura paulina é de um suicida; “transpassaram a si mesmos”.
   
Convém notar, porém, que as objeções não se referem ao dinheiro, estritamente, que é uma coisa boa. Mas, amor ao dinheiro, um sentimento malsão, deslocado. 

Na verdade, o dinheiro é só um símbolo, sem nenhum valor em si mesmo. Representa determinado valor que ostenta escrito, atentando a algumas variáveis. Outro dia fui ao mercado e entre as moedas que dei para facilitar o troco estava uma de pesos uruguaios e nem percebi. A moça da caixa educadamente devolveu, pois nada vale para ela. 

São signos que variam de país para país, ainda que, alguns tenham valor internacional. Mas, reitero, o valor é meramente fiduciário; digo, deriva da confiança num símbolo, seja moeda, seja papel. Há um sistema por trás que o garante; fiados nisso fazemos nossas trocas. 

Afinal, o dinheiro presta-se a uma tríplice função: Avalia, transforma e conserva  bens e serviços. Assim sendo, deveria ser tratado como meio, nunca, fim. 

Mas, ocorre-me agora a lembrança de um quadro no Programa Silvio Santos chamado, “Topa tudo por dinheiro”. Pessoas eram expostas a situações constrangedoras com a promessa de alguma recompensa monetária. A maioria topava. Aquele quadro reflete nossa sociedade, infelizmente. 

Qual o motor da corrupção, prostituição, tráfico, roubo, etc. senão, o amor ao dinheiro? Claro que há os miseráveis que fazem suas estripulias, acossados pela fome e outras privações. Mas, aqueles vícios alistados não são prerrogativas de miseráveis; na verdade, a maioria já possui o suficiente para bem viver e pratica tais coisas. 

Alhures se ouve: “Dinheiro não traz felicidade”; Contudo, alguns gaiatos redefiniram a sentença: “Dinheiro não traz felicidade, mas, manda buscar”. Na verdade, o bem em apreço deveria ser o conforto, não, felicidade. 

O Salvador denunciou mais de uma vez a inversão de valores. “...Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui.” Luc 12; 15 Adiante contou a história de um fazendeiro que com grande depósito  pensava em curtir a vida. “Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite te pedirão a tua alma;  o que tens preparado, para quem será? Assim é aquele que para si ajunta tesouros e não é rico para com Deus.” VS 20 e 21

Inegável que viver bem, cercado do conforto necessário é legítimo anseio de cada um. O que Salomão definiu como vaidade é a expansão excessiva de bens que servirão apenas para contemplar sem usufruir. “Onde os bens se multiplicam, ali se multiplicam também os que deles comem; que mais proveito, pois, têm os seus donos do que os ver com os seus olhos? Doce é o sono do trabalhador, quer coma pouco quer muito; mas a fartura do rico não o deixa dormir.” Ecl 5; 11 e 12 

Além de prestar-se ao desfrute de terceiros, a fortuna atrapalha o sono do primeiro, digo, do proprietário.  Não raro, deparamos com amantes do dinheiro em trincheiras opostas; seria até engraçado, se, não fosse triste. “Igrejas” cuja ênfase central recai sobre dízimos e ofertas, invés de salvação, santificação. E “céticos” em relação a “Deus” por causa desses maus exemplos como se Deus se fizesse representar pelos tais, e, neles, se encerrassem as possibilidades de salvação. “Metaleiros” em trincheiras adversas, apenas.

Igrejas sérias recebem dízimos e ofertas, mas, não condicionam frequência, ou, salvação a isso; Veros convertidos são fiéis  sem necessidade de maiores estímulos que a consciência e o que aprendem da Palavra.

Contudo, célere anda o mundo rumo à desmonetarização; não haverá mais moeda, o dinheiro será virtual.  Assim, acabam-se as possibilidades de roubo. 

Seria ótimo se não trouxesse a tiracolo a maldição de ser o selo de satanás sobre os seus. E faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes seja posto um sinal na sua mão direita, ou nas suas testas, para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal,...” Apoc 13; 16 e 17   

Paulo figurou o amor ao dinheiro como suicídio; aceitar tal “sinal” será suicidar-se, literalmente.

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