“Quem
amar o dinheiro jamais dele se fartará; quem amar a abundância nunca se fartará
da renda; também isto é vaidade.” Ecles 5; 10
Se, Salomão qualificou amor ao
dinheiro como motor de uma busca inglória, insaciável, como correr atrás da
sombra; Paulo alistou os efeitos colaterais dessa corrida. “Mas os que querem
ser ricos caem em tentação, em laço, em muitas concupiscências loucas e
nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro
é a raiz de toda a espécie de males; nessa cobiça alguns se desviaram da fé,
transpassaram a si mesmos com muitas dores.” I Tim 6 ; 9 e 10 A figura paulina é
de um suicida; “transpassaram a si mesmos”.
Convém notar, porém, que as objeções não se referem ao dinheiro,
estritamente, que é uma coisa boa. Mas, amor ao dinheiro, um sentimento malsão,
deslocado.
Na verdade, o dinheiro é só um símbolo, sem nenhum valor em si
mesmo. Representa determinado valor que ostenta escrito, atentando a algumas variáveis.
Outro dia fui ao mercado e entre as moedas que dei para facilitar o troco estava
uma de pesos uruguaios e nem percebi. A moça da caixa educadamente devolveu,
pois nada vale para ela.
São signos que variam de país para país, ainda que,
alguns tenham valor internacional. Mas, reitero, o valor é meramente
fiduciário; digo, deriva da confiança num símbolo, seja moeda, seja papel. Há
um sistema por trás que o garante; fiados nisso fazemos nossas trocas.
Afinal,
o dinheiro presta-se a uma tríplice função: Avalia, transforma e conserva bens e serviços. Assim sendo, deveria ser
tratado como meio, nunca, fim.
Mas, ocorre-me agora a lembrança de um quadro no
Programa Silvio Santos chamado, “Topa tudo por dinheiro”. Pessoas eram expostas
a situações constrangedoras com a promessa de alguma recompensa monetária. A
maioria topava. Aquele quadro reflete nossa sociedade, infelizmente.
Qual o
motor da corrupção, prostituição, tráfico, roubo, etc. senão, o amor ao
dinheiro? Claro que há os miseráveis que fazem suas estripulias, acossados pela
fome e outras privações. Mas, aqueles vícios alistados não são prerrogativas de
miseráveis; na verdade, a maioria já possui o suficiente para bem viver e
pratica tais coisas.
Alhures se ouve: “Dinheiro não traz felicidade”; Contudo,
alguns gaiatos redefiniram a sentença: “Dinheiro não traz felicidade, mas,
manda buscar”. Na verdade, o bem em apreço deveria ser o conforto, não,
felicidade.
O Salvador denunciou mais de uma vez a inversão de valores. “...Acautelai-vos
e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância
do que possui.” Luc 12; 15 Adiante contou a história de um fazendeiro que com
grande depósito pensava em curtir a
vida. “Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite te pedirão a tua alma; o que tens preparado, para quem será? Assim é
aquele que para si ajunta tesouros e não é rico para com Deus.” VS 20 e 21
Inegável que viver bem, cercado do conforto necessário é legítimo anseio de
cada um. O que Salomão definiu como vaidade é a expansão excessiva de bens que
servirão apenas para contemplar sem usufruir. “Onde os bens se multiplicam, ali
se multiplicam também os que deles comem; que mais proveito, pois, têm os seus
donos do que os ver com os seus olhos? Doce é o sono do trabalhador, quer coma
pouco quer muito; mas a fartura do rico não o deixa dormir.” Ecl 5; 11 e 12
Além de prestar-se ao desfrute de terceiros, a fortuna atrapalha o sono do
primeiro, digo, do proprietário. Não
raro, deparamos com amantes do dinheiro em trincheiras opostas; seria até
engraçado, se, não fosse triste. “Igrejas” cuja ênfase central recai sobre
dízimos e ofertas, invés de salvação, santificação. E “céticos” em relação a “Deus”
por causa desses maus exemplos como se Deus se fizesse representar pelos tais,
e, neles, se encerrassem as possibilidades de salvação. “Metaleiros” em
trincheiras adversas, apenas.
Igrejas sérias recebem dízimos e ofertas, mas,
não condicionam frequência, ou, salvação a isso; Veros convertidos são fiéis sem necessidade de maiores estímulos que a
consciência e o que aprendem da Palavra.
Contudo, célere anda o mundo rumo à
desmonetarização; não haverá mais moeda, o dinheiro será virtual. Assim, acabam-se as possibilidades de roubo.
Seria ótimo se não trouxesse a tiracolo a maldição de ser o selo de satanás
sobre os seus. “E faz que a todos, pequenos e
grandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes seja posto um sinal na sua mão
direita, ou nas suas testas, para que ninguém possa comprar ou vender, senão
aquele que tiver o sinal,...” Apoc 13; 16 e 17
Paulo figurou o amor ao dinheiro como suicídio; aceitar tal “sinal” será
suicidar-se, literalmente.
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