quinta-feira, 4 de setembro de 2014

A escalada inversa



“Por isso não deixarei de exortar-vos sempre acerca destas coisas, ainda que bem as saibais e estejais confirmados na presente verdade.” I Ped 1; 12 

Pedro na introdução de sua epístola meio que justifica-se por estar “chovendo no molhado”. Disse que não deixaria de exortar seus leitores sobre coisas que eles sabiam e nas quais, estavam firmados. 

É, temos uma tendência a nos enfadarmos das repetições e andarmos sôfregos por novidades. Naqueles dias era assim. “Pois todos os atenienses e estrangeiros residentes, de nenhuma outra coisa se ocupavam, senão de dizer e ouvir alguma novidade”. Atos 17; 21 Isso,  até saudável no prisma humano, científico, por exemplo, no campo espiritual pode ser nefasto. Por quê? Porque é natural que seres imperfeitos laborem em busca de melhoramentos; também, que os consigam a medida que novo saber se agrega. 

Entretanto, naquilo que é perfeito, qualquer mudança será necessariamente “para baixo”, rumo à imperfeição. Quem galgou o topo do Everest só pode descer, a menos que aprenda a voar. 

A ciência humana anda célere como nunca; compramos uma engenhoca hightec hoje, em meses, está obsoleta, superada por outra mais moderna. Desse modo, tanto a sede de novidades quanto a busca de conforto confluem na veloz corredeira tecnológica. O conceito que determinado invento é “de ponta” agrega valor;  faz desejado. 

Nesse contexto impregna-se automaticamente no inconsciente coletivo a ideia que o novo é  bom; o demais, ultrapassado. Assim, basta a pecha que algo é “jurássico” para justificar sua rejeição. Desgraçadamente, quanto mais dominamos à tecnologia, menos logramos ascender em domínio próprio. Ampliamos meios de extravasarmos nossa própria maldade.

Daniel anteviu esses dias de progresso científico acelerado, associado à ignorância espiritual. “...muitos correrão de uma parte para outra, o conhecimento se multiplicará. ... nenhum dos ímpios entenderá, mas os sábios entenderão.” Dn 12; 4 e 10 

Mas, citar isso não é muito antigo, portanto, ultrapassado? Aqui chegamos ao xis da questão. Se, nas coisas humanas, quanto mais moderno melhor, nas Divinas, a excelência não reside em inovar, mas, permanecer. “Toda a Palavra de Deus é pura; escudo é para os que confiam nele. Nada acrescentes às suas palavras, para que não te repreenda e sejas achado mentiroso.” Prov 30; 5 e 6 

Isso no Antigo Testamento; na conclusão do Novo, preservar, vai além duma reflexão sapiencial; vira mandamento. “Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele, as pragas que estão escritas neste livro;  se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte do livro da vida, da cidade santa e das coisas que estão escritas neste livro.” Apoc 22; 18 e 19 

O conceito bíblico de sabedoria nada tem a ver com domínio tecnológico, conhecimento filosófico; antes, com escolhas certas no prisma espiritual. Notemos que Daniel não opõe aos sábios, os ignorantes, como deveria ser; antes, ímpios. “Nenhum dos ímpios entenderá, mas, os sábios entenderão.” Falando de nossos dias. 

O mais sábio entre os homens, Salomão, também pôs vestes espirituais na sabedoria. “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução.” Prov 1; 7 Se Daniel deu um componente moral àquela, chamando de ímpios os opostos, Salomão põe como questão de sanidade psicológica, dado que, os avessos são loucos.

Escrevendo instruções para seu filho, o rei deixou coisas muito úteis para nós. Desaconselhou mudanças se, o fito fosse insurreição contra o governo humano, ou, Divino. “Teme ao Senhor, filho meu, ao rei; não te ponhas com os que buscam mudanças,  porque de repente se levantará a sua destruição, a ruína de ambos, quem o sabe?” Prov 24; 21 e 22 

As correntes religiosa influentes, mas, descomprometidas com Deus, como não podem rejeitar A Palavra de Deus, tentam “modernizá-la” flexibilizando-a. A mesma Bíblia tem uma má notícia para eles. “Jesus Cristo é o mesmo; ontem, hoje e eternamente.” Heb 13; 8 

Aliás, Salomão dissera também algo semelhante. “Eu sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe deve acrescentar, nada se lhe deve tirar; isto faz Deus para que haja temor diante dele.” Ecl 3; 14 

Não que o Eterno tenha algo contra o novo, contra mudanças. Ele preceitua e deseja desde que não seja para baixo. “...quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou... não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida.” Jo 5; 24 “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5; 17 

Quem sabe onde está, facilmente identificará se carece de coisas novas ou velhas.

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