“Para
que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais
corroborados com poder pelo seu Espírito no homem interior;” Ef 3; 16
Paulo
disse orar para que os efésios fossem corroborados, ou seja,
fortalecidos, confirmados pelo Espírito, no homem interior. Esse “homem
interior” merece algumas considerações.
O
notável filósofo, Sócrates, tentou explicar o ser humano usando a
seguinte figura: “dentro de um invólucro de pele, uma besta policéfala, (
monstro de várias cabeças ) e no alto, um homenzinho.” A besta –
explicou - tipifica a natureza indômita; cada cabeça um mau desejo, uma
inclinação perversa. O homenzinho, geralmente impotente, a razão. Na sua
concepção, o verdadeiro filósofo deveria “domar” a besta e se deixar
guiar pela instância superior.
Ora, o que fez a qualidade, originalmente superior, sucumbir ao
inferior foi precisamente a morte espiritual decorrente da queda. Ficou o
entendimento do bem, sem força para praticá-lo. Paulo também ilustra a
derrota do “homenzinho” ante a besta na luta de um bem intencionado sem o
auxilio de Cristo. “Porque bem sabemos que a lei é espiritual;
mas, eu sou carnal, vendido sob o pecado. Porque o que faço não aprovo;
o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço. Se faço o que
não quero, consinto com a lei, que é boa. De maneira que agora já não
sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7; 14 a 17
A
reprovação interior pelos mal feitos são protestos inúteis da
consciência que, mesmo ainda apta para identificar pecados é impotente
para evitar, dada a supremacia dos desejos malsãos.
Quando
o Salvador ensinou a necessidade do novo nascimento mirava aí; a
restauração do homem interior, a vida espiritual. Nicodemos, por sua
vez, pensou no pacote inteiro com besta e tudo. “Disse-lhe
Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura,
tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? Jesus respondeu: Na
verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do
Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é
carne; o que é nascido do Espírito é espírito.” Jo 3; 4 a 6
O
homem natural, “carne” tende à decrepitude, pois, é refém do tempo; o
homem interior, de posse da vida eterna é instado a renovação,
crescimento, santificação. “Por isso não desfalecemos; ainda que
o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de
dia em dia.” II Cor 4; 16
Nas
coisas sócio-políticas da humanidade, geralmente, interior está numa
posição subalterna em relação aos governos, que ficam na Capital; sede
das decisões que afetam o país, estados; é a cabeça, ( cápita ) por
isso, Capital.
Contudo,
na “administração” da vida dos convertidos, o interior é capital. Digo;
vitais são as decisões que derivam do espírito recriado, em Sintonia
com o Espírito Santo. “Porque, qual
dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele
está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de
Deus. Nós não recebemos o espírito do mundo, mas, o Espírito que provém
de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por
Deus.” I Cor 2; 11 e 12
Esse fortalecimento do homem interior terá consequências. “Para
que Cristo habite pela fé nos vossos corações; a fim de, estando
arraigados e fundados em amor, poderdes perfeitamente compreender, com
todos os santos, qual seja a largura, o comprimento, a altura, a
profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que excede todo o
entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus.” Ef 3;
17 a 19
Coloca
como raiz, fundamento do amor, sobre o qual, mais amor se edifica, em
busca da plenitude de Deus. Que diverso da ideia corrente de buscar
coisas de Deus, invés de Seu Ser! Por isso, após a renovação da vida,
precisamos “oxigenar” a mente, para entendermos o novo ser gerado em
nós, e seu fim. “…apresenteis os vossos corpos em
sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.
E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela
renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa,
agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12; 1 e 2
Vemos
que agora, o “homenzinho”, razão, faz seu culto prendendo a besta, (
Sacrifício vivo ) não permitindo o extravasar nocivo de suas
inclinações. O simples aprisionar o mal é já seu juízo, a eficácia da
cruz. “Portanto,
agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não
andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.” Rom 8; 1
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