quarta-feira, 24 de abril de 2024

Dores de parto


“Porquanto, ainda que vos contristei com minha carta, não me arrependo, embora já me tivesse arrependido por ver que aquela carta vos contristou, por pouco tempo.” II Cor 7;8

Paulo estava patenteando dois estágios emocionais, nos quais andara, acerca do mesmo assunto. A tristeza que uma carta sua causara na igreja em Corinto. Sabedor do “estrago” que sua escrita fizera, num primeiro momento, culpou-se; caramba! acho que peguei pesado.

Porém, depois de inteirado das consequências benéficas, restauradoras, da sua severa exortação, tendo entendido a necessidade daquilo, pois, fora escrito segundo Deus, não, conforme predileções humanas, refez; pensando bem, foi melhor assim.

“Agora folgo, não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para arrependimento; pois fostes contristados segundo Deus; de maneira que por nós não padecestes dano em coisa alguma.” V;9

Todo pregador deveria ter isso em mente; que possíveis tristezas assomarão durante a ministração da Palavra, pelo que ela é, e o que os pecadores são; isso é normal. Porém, não deve mesclar à mensagem, coisas de cunho pessoal; aproveitar a ocasião para “embarcar” junto reprimendas de origem espúria, xingamentos rasteiros, indiretas carnais, como se isso fizesse parte do Divino propósito. “... por nós, não padecestes dano em coisa alguma.”

Quem está a serviço de Deus, não tem direito de colocar suas predileções como aferidoras alheias; tampouco, aproveitar o momento em que O Eterno está corrigindo, para anexar alguns açoites de sua autoria.

Não gostamos de ser veículos que carreiam tristezas e depositam sobre almas alheias. Falo dos que possuem almas sadias, não, dos sádicos, egoístas, psicopatas e insanos afins.

No entanto, as tristezas têm uma propriedade medicinal, pela qual, almas são desafiadas ao retorno para o querer do Eterno; como remédios amargos receitados aos enfermos, tornam-se um “mal” necessário. Nenhum médico competente deixará de os ministrar, se, entender a necessidade dos mesmos; tampouco, de prescrever uma cirurgia até, se, a vida do seu paciente depender disso.

Depois de patentear seus dois estados emocionais, um que se arrependera pela dor causada, outro, que folgara por saber que a mesma era um mal segundo Deus, portanto, um bem, o apóstolo fez sua síntese sobre as duas fontes de tristeza possíveis: “Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte.” V 10

A Palavra pregada como é, fatalmente ensejará compunção, arrependimento; é necessário que assim seja. Desde o início da Igreja foi assim; “Ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, homens irmãos?” Atos 2;37

É por valorizar mais, uma emocionalidade eventual, um momento de bem estar enganoso, que a cura das almas, com sua mensagem confrontadora que entristece, que os falsos profetas, vicejam tanto por aí. Ser aceitos é mais importante, para os tais, que ver as almas salvas.

A tristeza causada por Paulo, invés de indispor aos cristãos coríntios contra ele, deu azo a uma série de discursos inflamados, em defesa da necessária santidade; “Porque, quanto cuidado não produziu isto mesmo em vós que, segundo Deus, fostes contristados! que apologia, que indignação, que temor, que saudades, que zelo, que vingança! Em tudo mostrastes estar puros neste negócio.” V 11

A tristeza possui uma qualidade “medicinal” que a alegria desconhece; como alguém versou: “Andei uma légua com a alegria, incansável, tagarela; mesmo que falasse tanto, nada aprendi com ela; caminhei uma légua com a tristeza, que nenhuma palavra falou; ah quanta coisa aprendi, quando a tristeza comigo andou.”

Davi entendia bem da “medicina;” “Foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse Teus Estatutos.” Sal 119;71

Salomão levou a ideia dos benefícios espirituais da tristeza a um ponto mais profundo; “Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, porque naquela está o fim de todos os homens; os vivos o aplicam ao seu coração. Melhor é a mágoa que o riso, porque com a tristeza do rosto se faz melhor o coração.” Ecl 7;2 e 3

Logo, compete aos que são portadores da mensagem de reconciliação, que sejam zelosos pela verdade, mais que, ciosos pelos sentimentos dos que a necessitam escutar.

Sua separação eventual dos discípulos, por uma causa necessária, O Salvador figurou assim: “A mulher, quando está para dar à luz, sente tristeza, porque é chegada sua hora; mas, depois de ter dado à luz a criança, já não se lembra da aflição, pelo prazer de haver nascido um homem no mundo.” Jo 16;21

Se, ante à Palavra da Vida, nos entristecermos por constatar que erramos o alvo, nos arrependermos, certo é, que, sucederá à tristeza, grande alegria, por ter vindo mais um filho de Deus, ao mundo.

terça-feira, 23 de abril de 2024

Espigas maduras


“Porque a terra por si mesma frutifica, primeiro a erva, depois a espiga, por último o grão cheio na espiga.” Mc 4;28

Três estágios desde o nascimento à frutificação, figuram o que acontece nas vidas que se convertem a Cristo. O “Negue a si mesmo” é indispensável; sem essa “morte”, nada feito. “Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto.” Jo 12;24

Pedro figurou novos convertidos como, bebês recém-nascidos; A Palavra da Vida, o alimento que os faria crescer; “Deixando, pois, toda a malícia, todo o engano, fingimentos, invejas, e todas as murmurações, desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;” I Ped 2;1 e 2

Uns que, foram negligentes quanto à necessária amamentação, levaram um puxão de orelhas; “Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar os primeiros rudimentos das Palavras de Deus; vos haveis feito tais que necessitais de leite, não, sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, é menino.” Heb 5;12 e 13

Quando Paulo colocou em relevo o amor, como aferidor das coisas, invés dos sentimentos carnais, e até eventuais dons, aludindo às disputas naturais, considerou-as normais entre meninos, não, entre adultos; depois de toda uma exposição argumentativa, concluiu: “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.” I Cor 13;11

O Salvador pontuou que dos pequeninos é o Reino dos Céus; exortou a quem queira entrar, para que se faça como criança, tendo em mente a necessária humildade, dependência do Pai, que convém aos que se achegam a Ele.

Não significa que devamos evitar o crescimento espiritual, como se, ignorância fosse sinônimo de humildade; Paulo resumiu: “Irmãos, não sejais meninos no entendimento, mas sede meninos na malícia, e adultos no entendimento.” I Cor 14;20

Entre o nascimento e a maturidade, há todo um processo de aprendizado didático e experimental, edificação. Embora, eventualmente possamos dar frutos durante nosso processo de aprendizado, o “grão maduro na espiga” a maturidade é algo demorado, dada a má inclinação da natureza humana, que atrasa o trabalho de Espírito Santo em nós.

“Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

O homem espiritual não carece de leis externas, vetos de religiões, pareceres de outros para se portar bem. A maturidade lhe capacita a fazer as melhores escolhas sem necessitar de acessórios; “O mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto o mal.” Heb 5;14

Esses “perfeitos” (amadurecidos, edificados) sabem ao quê, dizer não! bem como, em quê, ocupar-se; “... não andam segundo o conselho dos ímpios, não se detêm no caminho dos pecadores, nem se assentam na roda dos escarnecedores. Antes têm seu prazer na Lei do Senhor; na Sua Lei meditam dia e noite.” Sal 1;1 e 2

O “conselho dos ímpios” nem sempre é uma coisa de fácil identificação; não raro, nos assedia como um upgrade espiritual, um chamado para águas mais profundas, embora, a rigor seja apenas uma perversão doutrinária.

Quando Paulo prescreveu a necessidade de edificação dos salvos, “Ele mesmo deu uns para apóstolos, outros para profetas, para evangelistas, pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo;” Ef 4;11 e 12

Apresentou como efeito colateral a constância doutrinária, a firmeza contra o assédio de gente fraudulenta; “Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em redor por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo Naquele que É A Cabeça, Cristo” vs 14 e 15

Enfim, embora devamos ser tolerantes com os que estão em estágio inicial, entendendo suas fraquezas e ajudando suprir seus lapsos, convém também, encorajar à busca de aprendizado, amadurecimento espiritual, para que todos alcancem a “autonomia” possível, na vereda santa, cujo chamado, é para ser servos.

Essa “independência” prescindirá de sermos guiado por homens, onde, a direção pertence ao Espírito de Deus. “... Porei Minhas Leis no seu entendimento, em seu coração as escreverei; Eu lhes serei por Deus, eles Me serão por povo; não ensinará cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece O Senhor; Porque todos Me conhecerão, Desde o menor até ao maior.” Heb 8;10 e 11

segunda-feira, 22 de abril de 2024

A saga da vida


“De um só sangue (Deus) fez toda geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, O pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;” Atos 17;26 e 27

O Eterno determinou os tempos e os limites de nossa habitação; isso não significa que A Palavra Dele corrobore o fatalismo, comum nas tragédias gregas. A “determinação” Divina nos restringe a certo número de anos sobre a terra, dentro dos quais, nos convida à reconciliação consigo, mediante Jesus Cristo. “... Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

Sem essa história vulgar que, a hora da morte de cada um está escrita, e ninguém escapa. Muitas vidas são abreviadas por escolhas humanas, não pela vontade Divina. Estava escrito todo um compêndio de ensinos que poderiam prolongar, qualificar a vida, e foi ignorado; Deus não é agente dessas mortes.

Temos a “mordomia” de nossas vidas dentro de certo limite de tempo, no qual, nossas funções vitais funcionam devidamente se forem cuidadas com zelo. Inconsequentes, podemos ser displicentes no exercício do nosso arbítrio. “Não sejas demasiadamente ímpio, nem sejas louco; por que morrerias fora de teu tempo?” Ecl 7;17

O fato que alguém poderia morrer “fora de seu tempo”, por si só já elimina o fatalismo, fazendo-nos consequentes, responsáveis. “... Deus não se deixa escarnecer; porque tudo que o homem semear, isso ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará vida eterna.” Gál 6;7 e 8

Nosso tempo tem um “teto”, um limite ao qual não excederemos; somos mordomos das nossas vidas, responsáveis pelas escolhas que fizermos.

Uma coisa que escapa ao raciocínio lógico, é ver alguém vivendo aqui, como se, sua existência pudesse ludibriar aos portais do tempo, alcançando lonjuras impensáveis à “matéria-prima” da qual dispomos.

Amontoam metais que dariam para viver folgadamente uma centena de vidas; fazem projetos de poder, como se, suas existências fossem durar para sempre. Qual o sentido disso?

“... perecem igualmente tanto o louco quanto o bruto, e deixam a outros, seus bens. Seu pensamento interior é que suas casas serão perpétuas e suas habitações de geração em geração; dão às suas terras seus próprios nomes. Todavia, o homem que está em honra não permanece; antes é como os animais, que perecem. Este caminho deles é sua loucura; contudo, sua posteridade aprova suas palavras.” Sal 49;10 a 13 Natural que os pósteros aprovem uma vez que serão eles que, usufruirão os bens que os inconsequentes amontoaram.

Embora os mais longevos possam viver em torno de uma centena de anos, a média é bem aquém disso. A qualidade de vida termina depois de certa idade, pela fragilidade da nossa constituição; “Os dias da nossa vida chegam a setenta anos; se, alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta, o orgulho deles é canseira e enfado, pois cedo se corta, vamos voando.” Sal 90;10

Além disso muitos imprevistos concorrem; de modo que, mesmo o dia de amanhã, só será nosso, se a Graça Divina assim o quiser. “Eia agora vós, que dizeis: Hoje, ou amanhã, iremos a tal cidade, e lá passaremos um ano, contrataremos e ganharemos; digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, depois se desvanece. Em lugar do que devíeis dizer: Se o Senhor quiser, se vivermos, faremos isto ou aquilo.” Tg 4;13 a 15

Sendo assim, o homem prudente deveria dar ouvidos ao chamado do amor Divino como uma coisa urgente, a ser recebida de imediato, pela incerteza quanto ao porvir. “... Hoje, se ouvirdes Sua Voz, não endureçais os vossos corações...” Heb 3;15

O Salvador mencionou a um “próspero” que amontoou coisas materiais durante a vida, sem se preocupar com a vida espiritual. No auge das muitas riquezas, pensava em “curtir” sua prosperidade; “Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite pedirão tua alma; e o que tens preparado, para quem será?” Luc 12;20

A vida terrena é uma dádiva de espaço e tempo, onde os degredados da Divina presença pelo consórcio com o pecado, têm oportunidade de reencontrar o “caminho de casa”. 

Felizes os que, como o pródigo, ao sentir as consequências das más escolhas reconsideram em tempo; “Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti; não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus servos.” Luc 15;18 e 19

domingo, 21 de abril de 2024

Medicina preventiva


“O sentimento sadio é vida para o corpo, mas a inveja é podridão dos ossos.” Prov 14;30

Eventualmente, ouvimos sobre as doenças psicossomáticas. Aquelas que, se originam na alma, refletindo-se nos corpos. Pois, embora a medicina fosse tosca, rudimentar, nos dias de Salomão, vemos acima, nuances de males assim.
“O sentimento sadio, é vida para o corpo...”

Ora, a sabedoria de Salomão foi um dom de Deus. Acaso, Aquele que nos criou, não saberia como funcionamos?

Quando Moisés, chamado para ir ao Faraó demandar a liberdade do povo hebreu, usou sua falta de eloquência como argumento para não ir, O Criador redarguiu: “... Quem fez a boca do homem? ou quem fez o mudo, o surdo, o que vê, ou o cego? Não sou Eu, O Senhor? Vai, pois, agora, Eu serei com tua boca e te ensinarei o que hás de falar.” Ex 4;11 e 12

Estamos habituados a tratar consequências, quando ignoramos às causas. Todavia, O Eterno sabe de todas as coisas, por isso, em Seus ensinos costuma atacar nossos males pela raiz; “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Prov 4;23

O coração é o centro da nossa personalidade; mente, emoções e vontade. Assim, a mudança de pensamentos, dos nossos, rasteiros, para os Divinos, equivale a uma troca de coração.

“Dar-vos-ei um coração novo, porei dentro de vós um espírito novo; tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. Porei dentro de vós Meu Espírito, e farei que andeis nos Meus Estatutos, guardeis Meus Juízos e os observeis.” Ez 36;26 e 27 A rigor, O Espírito de Deus em nós, muda nossos corações.

Isaías nos convida a sermos partícipes desse transplante de órgãos; “Deixe o ímpio o seu caminho, o homem maligno seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque Meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os Meus, diz O Senhor. Porque assim como os céus são mais altos que a terra, são Meus caminhos mais altos que os vossos, e meus pensamentos mais altos que os vossos.” Is 55;7 a 9

A conversão possibilita o “upgrade”, rumo a outra dimensão; “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus.” Col 3;1

“... a inveja é a podridão dos ossos.”
A origem latina da palavra inveja, sugere a negação de ver às coisas como são.

As pessoas que, se escudam contra possíveis críticas com postagens espinhosas tipo, “Só fales de mim quando pagares minhas contas”, ou, “Quando fores perfeito critiques minhas imperfeições;” etc. no fundo, são pessoas invejosas e, sequer admitem.

Se, melindram-se ante críticas, não postam nenhuma objeção aos elogios; patenteando, assim, que desejam ser bajuladas acarinhadas a despeito das suas falhas. Ora, toda a pessoa intelectualmente honesta sabe que possui defeitos, erros que podem ser criticados; o, espiritualmente prudente, invés de se incomodar com as críticas se incomoda com seus erros e os busca corrigir. Se a crítica for gratuita, problema do crítico.

Assim, voltando à inveja, quem se recusa a ver a si próprio com verdade, acaso teria a ousadia de ver aos outros como realmente são? Parece óbvio que não. Seu “invidere” sua inclinação à negação dos fatos, inevitavelmente assomará.

Não foi, acaso, pela recusa de ver a realidade, que os coevos do Salvador, os quais, se presumiam grandes expoentes espirituais, o condenaram à morte, condenando, assim, a si mesmos? “E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;19 e 20

Não por acidente, o sentimento sadio foi contraposto à inveja; pois, aquela é a doença da alma, fazendo tanto mal, que os próprios ossos, a estrutura de alguém, seria abalada pelas consequências dela. “... a inveja é a podridão dos ossos.”

Todavia, a Palavra apresenta o devido antídoto para esse mal; “Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal. Isto será saúde para teu âmago, e medula para teus ossos.” Prov 3;7 e 8

Logo, quando alguém nos corrige apresentando À Palavra do Senhor, tal, é apenas um instrumento Dele, a serviço da nossa saúde, em todos os âmbitos; espiritual, psíquico e físico.

Enquanto o vulgo teme as doenças, o sábio vê a morte em sua origem; “... o salário do pecado é a morte...” Rom 6;23

sábado, 20 de abril de 2024

A saudade das trevas


“Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20

Circula uma frase do ditador em vias de extinção, Alexandre de Morais, que, aludindo a um tempo em que não existiam as redes sociais, disse: “Nós éramos felizes e não sabíamos.” Nós, quem?

Essa frase sempre foi usada como um modo oblíquo de dizer que, determinada situação piorou com o decurso do tempo. Diante da piora detectada, se olha para o pretérito sob a “trilha sonora” da mesma.

Dois comentaristas da Globo, a prostituta paga para “dar razão” a quem lhe aluga, também disseram igual, comentando a frase do nostálgico ministro. Por certo, a pluralidade dos saudosos, quanto aos tempos sem espaço para a voz do povo, inclui os globais, junto ao famigerado ministro.

Vós éreis felizes. Nós, que usamos as redes sociais, não delegamos que outros falem por nós; sobretudo, porque elas permitem que expressemos “urbe et orbe” o que pensamos.

Quando a Mídia tradicional tinha o monopólio das comunicações, bastava um Pixuleco, devidamente direcionado às “pessoas certas” e toda sorte de canalhices iria para debaixo do tapete. Eles tinham domínio sobre as fake News. O povo alienado seguiria se sentindo num regime democrático, gerido por homens probos, e informado por uma imprensa imparcial. O que poderia ser mais feliz, para os canalhas?

Como vimos nas palavras do Salvador, os maus carecem do escuro, e nele sentem-se “em casa” como os porcos também se sentem, espalhando-se na lama. “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.”

Se, a amplitude das comunicações não é a luz, necessariamente, ao menos, faculta que as coisas flagrantemente falsas sejam denunciadas; que, as denúncias sejam pautadas em fatos, destruindo falácias.

Ora, quem se sente infeliz com o advento das redes sociais, bem pode se abster de usá-las. Afinal, são uma possibilidade, não um mandamento. Que o tal exclua a todas suas inscrições e volte a ser feliz.

A “inconveniência da imprensa alternativa” deriva dos “boletos não pagos” pela imprensa tradicional. Se ela cumprisse seu papel com probidade, invés de críticas, denúncias por falsificações, seria um referencial citado com respeito, como fonte fidedigna, nas referidas redes.

Agir como prostituta, desejando a reputação de dama, parecer ser a sina da mesma; se ela não obtiver tal reputação, culpe seus atos, não a opinião pública.

Igualmente o “Aleixandre” que acha que suas conveniências a serviço de quem o assalaria para corrupção, equivalem à lei, quer agir como ditador e ter a reputação de jurista? Dane-se!!

Que esses infelizes, com o advento da luz sejam réprobos em suas escolhas, é um direito deles. Ninguém é obrigado a ser decente pela força das leis; mas, essas costumam prescrever as consequências para quem adota a indecência como modo de vida.

Se, o atropelo da moral depende exclusivamente de cada um, nas escolhas que lhe parecerem convenientes, o atropelo lógico é um pouco mais complexo. Pois, esse, não depende estritamente de escolhas peculiares; concorrem os fatos, que insistem em ser o que são, a despeito do que as narrativas tentem plasmar, com suas escritas na areia.

Pode um doidivanas desses apedrejar às vidraças e culpar ao vidro por ter se quebrado, pela “intolerância” ao impacto das pedras. Agora, desejar que essa doença contamine a todos, aí já é demais.

Assim, violar os preceitos mais elementares, fundamentais do Estado Democrático de Direito, e culpar às vítimas pela violação, ou, aos que a identificam nos desmandos e vociferam contra, pelos meios, que facultam o alcance das suas vozes.

O objetivo das leis pactuadas não é a felicidade; essa é fruto de outro baraço, bem mais subjetivo; como vimos acima, o porco feliz em sua “piscina” peculiar.

Elas existem para estabelecimento e preservação dos direitos, das garantias; o que por si só, não enseja sentimentos alegres, nem tristes; apenas, segurança jurídica.

Quem se entristece pela impossibilidade de agir no escuro, deixa evidente seu consórcio com a ilicitude, sua inadimplência moral que, o faz desejar não ser visto, invés de buscar o suprimento dos lapsos, como a saúde da alma prescreveria.

Quem age consoante com os ditames da própria consciência, não a tendo cauterizado, quanto mais visto for, tanto mais será admirado pelos retos, e temido, depreciado pelos réprobos.

Aquele que, diante da denúncia de uma improbidade qualquer, invés de se escandalizar com ela, se irrita contra o denunciante, deixa patente seu deserto moral, seu viver indigno, sua nefasta identidade com as trevas. Tal, tem sobejos motivos para se irritar contra a luz, e bradar aos quatro ventos, o quanto o escuro era melhor.

Especuladores espirituais


“... Eis que há três anos venho procurar fruto nesta figueira, e não o acho. Corta-a; por que ocupa ainda a terra inutilmente? Respondendo ele, disse-lhe: Senhor, deixa-a este ano, até que eu escave e esterque; se der fruto, ficará; senão, depois a mandarás cortar." Luc 13;7 a 9

Numa vinha, nascera também uma figueira; o dono a deixou, esperando seus frutos. A referida árvore tivera três estações apropriadas, e nada. Frustrado, o dono achou que bastava; corta-a!

Porém, o vinhateiro pediu uma chance ainda; vou escavar, afofar a terra, adubar. Quem sabe, frutifique. Senão, desistirei, e a cortarei. Era o empregado, mas dada sua boa intenção, foi ouvido pelo dono.

A razão de ser, de uma planta frutífera são seus frutos. Sem eles, a existência daquela não faria sentido.

O equívoco de entendimento sobre o propósito pelo qual O Eterno nos chama, é comum, até nas falas de muitos “mestres” da praça. A prioridade deve ser frutificarmos para O Senhor. “... Meu Pai É O Lavrador”. Jo 15;1

O Salvador expressou: “Não escolhestes a Mim, mas Eu vos escolhi e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em Meu Nome pedirdes ao Pai Ele vos conceda.” Jo 15;16

Se, indícios do Divino propósito forem vistos em nós, também O Eterno se colocará ao alcance das nossas necessidades.

Muitos equivocados, descontentes com suas vidas errantes, frequentaram os mais diversos ambientes, ancorados na filosofia, “se bem não fizer, mal não fará”; perambulam por igrejas, vendo o que Deus “tem para elas”; sempre no prisma da realização pessoal das próprias vontades carnais.

Sendo o passo indispensável, o “negue a si mesmo”, aquele que frequenta ambientes espirituais, cheio de si, não receberá nada. Seu “excesso de bagagem” tolhe que novas coisas sejam adicionadas como suas. Não teria onde guardá-las.

A Igreja não é um lugar para conquistas de gente rasa, materialista, egoísta. Antes, outro, onde devemos ser conquistados, pela mensagem que compunge, confronta aos pecadores, desafia ao arrependimento, para a necessária reconciliação com Deus. “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

O Senhor foi categórico: “Não andeis inquietos dizendo: Que comeremos, beberemos, ou com que nos vestiremos? Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe que necessitais delas; mas, buscai primeiro o Reino de Deus, e sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6;31 a 33

Elementar que, ver homens como árvores frutíferas é uma alegoria, que a própria Palavra interpreta; “Porque a vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel; os homens de Judá são a planta das suas delícias; e esperou que exercesse juízo, e eis aqui opressão; justiça, e eis aqui clamor.” Is 5;7

Isso, de uma “videira” que degenerara; na Nova Aliança, O Salvador diz: “Eu sou a videira verdadeira, Meu Pai é o lavrador. Toda a vara em Mim, que não dá fruto, tira; e limpa toda aquela que dá, para que dê ainda mais.” Jo 15;1 e 2

O risco de sermos especuladores espirituais, meros frequentadores de igrejas, sem um compromisso real e sincero com O Dono da Vinha, é que nos tornemos estorvos como a figueira aquela, da qual foi dito: “Por que ocupa ainda a terra inutilmente? Corta-a!”

A súplica do vinhateiro por mais uma chance tipifica a Divina misericórdia; tendo motivos para se cansar de nós e nos banir Deus ainda tolera-nos, esperando que a “planta” cumpra seu fim, frutifique.

Lembro no início de minha caminhada, dos tais “amigos do Evangelho.” Gente que jamais se comprometia seriamente com Deus, mas, em eventos alusivos a certas datas ou congressos, misturavam-se com os cristãos. A efervescência desses eventos favorecia à peregrinação descompromissada; até as buscas de satisfações carnais e não passava disso o envolvimento dos tais “amigos”.

Embora centre-se numa mensagem de reconciliação, e numa Pessoa que isso possibilitou, Cristo, O Evangelho é um desafio ao arrependimento, não, um piquenique para se fazer novas amizades. Os primeiros frutos demandados, devem dar nesses “galhos”, aliás; “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento...” Mat 3;8

A mensagem sem cruz, onde ímpios são encorajados, acoroçoando suas impiedades favoritas, não é O Evangelho de Cristo. É a perversão dele; Paulo chamou de Outro Evangelho. “Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro Evangelho; o qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o Evangelho de Cristo.” Gál 1;6 e 7

Estamos em plena estação; O Dono da vinha busca frutos. O que temos para apresentar?

sexta-feira, 19 de abril de 2024

Os servos, livres


“Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” Jo 8;36

O uso do advérbio “verdadeiramente”, subentende a existência de uma liberdade falsa; ou, mera ilusão de liberdade.

Eis uma coisa que, não pode ser contida numa sentença breve! Liberdade. Cada pensador que se atrever a meditar sobre ela terá seu conceito, nem sempre similar ao de outro. A vera liberdade certamente é mais profunda que o direito de escolher, se expressar, ir e vir... essas nuances, embora fazendo parte dela não bastam para defini-la.

Mesmo o livre-arbítrio, não é consensual nem na filosofia, nem na teologia. O Calvinismo nega-o, com sua interpretação peculiar da eleição Divina. Schopenhauer duvidava do livre arbítrio, e defendia que os seres humanos são reféns de coisas que o forçariam a certas escolhas. “Dado o motivo e a índole, a ação resulta necessária”.

Alguém de posse de um revólver carregado, - ilustrou - não poderia dizer: “Tenho poder para me matar!” Nesse caso, o que teria seria um meio. Para poder, careceria de um motivo que, fosse maior que o medo da morte, ou que o amor pela vida. Assim, seu conceito de “poder” seria falso, tanto quanto, pode ser, o de liberdade. Por trás da índole e do motivo inda pode haver algo.

A liberdade no prisma corpóreo restringe-se a dispor de si mesmo, para a ação ou a inércia, como bem lhe parecer. Assim, todo ser que não é escravo, é livre.

No prisma da alma, que se expressa mediante o corpo e faz escolhas, a coisa não é tão simples.

Tropecei numa frase de Henry David Thoureau: “Desobediência é o verdadeiro pilar da liberdade, os obedientes são escravos.” Isso engolido sem mastigar pode até saciar paladares incautos, e cobrir aos perversos de “razão.”

Se levássemos essa estultícia às últimas consequências, (todos os valores universais poder ser levados) teríamos uma “sociedade” com ruas sem limites de velocidade, sem semáforos, propriedades, filas, leis, presídios, normas de escrita, horários de funcionamento... isso seria a barbárie; o próprio conceito de sociedade se diluiria, na selvageria da sobrevivência dos mais fortes, no prisma físico apenas.

Seja o que for, a liberdade, certamente é algo que se move dentro de limites; pois, O Próprio Deus, Criador do Universo os estabeleceu e submete-se a eles. “Se formos infiéis, Ele permanece fiel; não pode negar a Si mesmo.” II Tim 2;13

Paulo apresentou os conflitos íntimos de um que, sabedor dos limites dentro dos quais deve se mover, é impotente, porque escravizado; "Se faço o que não quero, consinto com a Lei, que é boa. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero.” Rom 7;16 a 19

Uma dualidade interior disputando. Uma parte sabe o que é o bem, que deveria fazer; outra, coagindo-o a fazer o que não quer. A índole de todo homem caído é atuar segundo a carne; “a inclinação o da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, e nem pode ser.” Rom 8;7 e o motivo é que a carne sente prazer no pecado. Assim, concordando com Schopenhauer, “dado o motivo e a índole, a ação resulta necessária.” Isto é: Inevitável.

O Salvador ensinou: “... Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado.” Jo 8;34

Paulo ampliou: “Não sabeis que a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?” Rom 6;16

Notemos que, as duas possibilidades antagônicas são servis; serviremos ao pecado, ou, à obediência. A liberdade que Cristo oferece, nos capacita a obedecermos a Deus, não a fazermos o que nos der na telha.

Se, como vimos, a liberdade necessita de limites dentro dos quais se exercita, os libertos do Senhor, deixaram a escravidão do pecado onde eram cooptados para fazer mal a si mesmos, e foram capacitados a se mover nesses limites, que ensejam paz de consciência, pela atuação em conformidade com o propósito original, em comunhão com O Criador.

“A todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12

Quem vê a desobediência e a anarquia como libertadoras, ainda luta contra “prisões” externas, sem discernir as algemas interiores, nas quais a tirania do pecado e da carne o têm cativo. “Se O Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.”